"A fundação deve deslocar mais a sua produção cultural direta para zonas do país mais periféricas, como também apoiar ali projetos que permitam uma afirmação e uma vida cultural mais intensa", afirmou, em declarações à Lusa.

Falando em Fafe, no evento internacional "Terra Justa", onde a Fundação Calouste Gulbenkian foi hoje homenageada, acrescentou também a importância de a instituição "cooperar mais com instituições de todo o país".

Para Artur Santos Silva, deve haver "uma grande preocupação das políticas portuguesas em tornar o país mais equilibrado no seu desenvolvimento".

À Lusa, sublinhou que "a Fundação tem procurado fazer isso, no apoio que dá a muitas outras instituições".

"Isso tem estado sempre no nosso ADN e vai continuar a estar. É um desafio procurarmos, no território português, estar mais presentes", anotou.

Na homenagem que foi hoje prestada em Fafe, Artur Santos Silva participou numa tertúlia de café, durante a qual falou da história da fundação e o papel que tem desempenhado na sociedade portuguesa.

"A Fundação tem procurado assumir este papel. Na educação, na cultura e na saúde. Ser reconhecido esse papel na sociedade portuguesa é muito gratificante e estou muito feliz por uma cidade, com as tradições de Fafe, ter decidido prestar esta homenagem", observou.

O tema desta segunda edição do "Terra Justa", que hoje termina em Fafe, é os refugiados.

A este propósito, o presidente da Gulbenkian recordou o sucesso da integração dos retornados do Ultramar, após o 25 de Abril de 1974, e mostrou-se esperançado de que os portugueses vão estar à altura de receberem os refugiados.

"Nós, portugueses, somos muito abertos aos outros, acolhemos os outros da melhor maneira e como iguais. O grande desafio que o nosso país tem neste drama, a que a Europa não tem sabido responder de uma maneira firme, determinada e solidária, é demonstrarmos que o somos", afirmou.

O presidente da Gulbenkian concluiu: "Vamos ter um desafio extraordinário que é acolher essas pessoas que merecem recomeçar a sua vida, em paz e numa sociedade amiga e solidária".

No âmbito da homenagem de hoje, Artur Santos Silva, acompanhado do presidente da Câmara, Raul Cunha, deixou uma mensagem no "Mural das Causas", por onde têm passado todos os convidados do evento consagrado, desde terça-feira, à reflexão sobre os direitos humanos.