“É uma condecoração justíssima porque não é apenas condecorar um grande poeta, um grande romancista, um grande crítico literário, mas alguém que projetou a nossa literatura no mundo”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

A condecoração do Presidente da República foi feita de surpresa, após o seu discurso na cerimónia de entrega do Prémio D. Diniz a Helder Macedo, na Palácio de Mateus, em Vila Real.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou “tudo o que o homenageado tem feito por Portugal cá dentro e lá fora”.

“Nomeadamente no mundo que fala inglês, que hoje é a língua mais importante do mundo e que o fez durante décadas e décadas, ensinando na universidade, publicando os autores portugueses, promovendo antologias em inglês”, frisou.

Hélder Macedo tinha sido homenageado há 25 anos pelo Presidente Mário Soares, por aquilo que tinha sido a sua obra até essa altura.

“Depois foram mais 25 anos. Era justo que fosse condecorado com uma Ordem que é mesmo aquela que se aplica a quem projeta a cultura ou a obra portuguesa no mundo”.

Durante o seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou ainda para deixar uma crítica à “falta de crítica” que diz que existe atualmente em Portugal e “às dificuldades sentidas pelos editores”.

“Um país que edita com dificuldade é um país condenado a ter mais passado do que futuro e isso não deixa de ser preocupante”, salientou.

Helder Macedo, nascido há 82 anos na África do Sul, é autor de vários ensaios sobre literatura portuguesa e, paralelamente, assinou vários títulos de ficção e de poesia, como os romances “Pedro e Paula” (1998) e “Tão Longo Amor Tão Curta a Vida” (2013), a coletânea “Poemas Novos e Velhos” (2011) e “Romance” (2015).

A obra vencedora do Prémio D. Diniz, “Camões e outros contemporâneos”, é uma compilação de 25 textos dedicados a autores de diferentes épocas, desde o próprio D. Dinis a poetas mais literalmente contemporâneos do autor, nomeadamente Mário Cesariny, Herberto Helder ou Manuel de Castro.

O livro foi uma escolha unânime do júri, composto pelos poetas e ensaístas Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral e Pedro Mexia.

O Prémio D. Diniz, atribuído pela Fundação Casa de Mateus, distingue anualmente uma obra de autor português nas áreas da ficção, poesia ou ensaio.

Este galardão foi interrompido em 2012, depois dos cortes nas fundações imposto pelo Governo liderado por Pedro Passos Coelho e depois retomado em 2017.

No ano passado, a obra vencedora foi o romance "Astronomia", de Mário Cláudio.