“Durante décadas, tentámos esconder a pobreza”, escreveu Sassoli, mas a pandemia de covid-19 veio revelar uma “realidade que muitos têm negado”: a “dimensão da pobreza e da marginalização”.

“A pobreza não pode ficar escondida, tem de ser combatida e vencida. É assim que devemos lidar com a reconstrução”, frisou o presidente do PE, diretor convidado da edição de janeiro da CAIS, cujas receitas revertem para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Segundo Sassoli, “nos últimos anos, o ‘crescimento’ foi apenas para alguns”, nomeadamente para os mercados, mas “uma das lições a tirar da pandemia” é a de “falar dos problemas que precisam de ser enfrentados”.

“Portugal assume a Presidência do Conselho da União Europeia num momento crucial”, em que “o mundo continua a atravessar a pandemia”, mas deve unir-se para “ajudar os cidadãos a emergir da crise social” de “uma nova forma”, com a Europa a colocar “a sua economia num caminho diferente do passado”.

Apontando o acordo entre os 27 para um fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros como “um acordo extraordinário num momento extraordinário”, David Sassoli sublinhou que deve ser “dada prioridade ao apoio aos mais vulneráveis”, com “recursos específicos”, porque “o apoio aos serviços sociais e a assistência aos mais pobres é fundamental para manter a coesão na sociedade”.

O presidente do PE alude às cinco prioridades da presidência portuguesa, a “Europa social, ecológica, digital, global e resiliente”, para frisar que são “elementos essenciais” para fortalecer simultaneamente a economia, a solidariedade e os valores europeus.

“Estou empenhado em fazer com que esta recuperação seja diferente das do passado, ao certificar-me de que ninguém é deixado para trás, criando uma nova Europa, onde a igualdade não é o ponto de partida, mas sim o objetivo”, concluiu.

Portugal assumiu a sua quarta presidência do Conselho da UE no dia 01 de janeiro, a qual se estenderá durante o primeiro semestre de 2021, com o lema “Tempo de agir: por uma recuperação justa, verde e digital”.

Esta edição da CAIS inclui também artigos da comissária europeia Elisa Ferreira e da ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, que escrevem sobre a recuperação social pós-pandemia na presidência portuguesa.

A Revista CAIS, criada em 1994, é vendida diariamente nas ruas de Lisboa, Porto, Almada e Coimbra por pessoas em situação de vulnerabilidade social, para as quais reverte 70% do preço de capa da revista.