Numa cerimónia realizada no Palácio do Governo, na segunda-feira, Boluarte começou por dar posse ao antigo general da polícia Walter Ortiz Acosta como novo ministro do Interior, em substituição de Víctor Torres, que tinha apresentado a demissão horas antes.

À saída do palácio presidencial, onde decorreu uma reunião do conselho de ministros, Torres, no cargo desde 21 de novembro, justificou a saída com “problemas familiares”.

O ministro demissionário disse que se Boluarte sair “o Peru vai afundar-se”, acrescentando que a Presidente peruana “nada tinha a esconder”.

Torres tinha a tutela da polícia, que na madrugada de sábado realizou buscas na casa e no gabinete de Boluarte, assim como na residência presidencial e no Palácio do Governo.

O caso envolve possíveis crimes de enriquecimento ilícito e falta de declaração de documentos relacionados com relógios de luxo usados pela chefe de Estado.

Também as ministras da Educação, Miriam Ponce, e da Mulher, Nancy Tolentino, anunciaram a saída do Governo na segunda-feira, através da rede social X (antigo Twitter).

O escândalo dos relógios de luxo surgiu depois de um ‘site’ de notícias local, La Encerrona, ter publicado uma série de fotos, em 15 de março, nas quais Boluarte usava diferentes relógios, em diferentes momentos, enquanto estave no Governo, em 2021 e 2022.

Depois da reportagem, Dina Boluarte garantiu que estava com as “mãos limpas” e só possuía um relógio antigo, comprado com poupanças.

A remodelação do executivo aconteceu dois dias antes do primeiro-ministro, Gustavo Adrianzén, ir pedir um voto de confiança ao parlamento do Peru, onde a oposição já pediu a destituição de Boluarte.

O Peru Libre, antigo partido de Boluarte, apresentou na segunda-feira uma moção para a destituição da Presidente peruana por “incapacidade moral permanente”, com a assinatura de 26 deputados dos 130 que compõem o Congresso.

Além da investigação por corrupção, a moção de destituição menciona outros problemas, incluindo o aumento da criminalidade.

Para destituir Boluarte, a medida requer 87 votos e, até agora, cinco partidos, que representam 57 votos, já se comprometeram-se a apoiar a Presidente.