“Nós temos uma confiança enorme na atuação do INEM, que é quem faz a derivação e quem toma a decisão do ponto de destino do helitransporte de emergência, e, seguramente, em casos de maior risco, esses doentes têm sido encaminhados para outros hospitais que têm as infraestruturas operacionais”, disse hoje Carlos Martins, à margem do evento “O dia do Infarmed”.

De acordo com a edição de hoje do Jornal de Notícias, um terço dos heliportos hospitalares estão impedidos de receber voos noturnos de emergência médica por não cumprirem vários requisitos técnicos como a ausência de sinalização luminosa de auxílio à aterragem.

A notícia cita dados da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), referindo que das 33 unidades hospitalares que têm instalações para receber helicópteros de emergência médica, a aterragem de voos noturnos está proibida em dez, entre os quais o Hospital de Santa Maria, que tem de usar os aeroportos militares de Lisboa.

O presidente da administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte reiterou hoje o pedido urgente de esclarecimento à Autoridade Nacional da Aviação Civil sobre a interdição de voos noturnos no heliporto do Hospital de Santa Maria.

Em declarações à margem do “Dia do Infarmed”, Carlos Martins disse ainda “não ter conhecimento de nenhuma situação de sequela ou situação de maior risco de vida em função de derivações para Figo Maduro”.

“Aliás, mau era se isso acontecesse”, frisou Carlos Martins, adiantando que teve conhecimento da “primeira derivação em novembro”, e que, no dia 20 desse mês, o diretor do heliporto deu conta da situação e houve “uma informação informal da parte do INEM de que o heliporto estaria interditado”.

“De imediato, o diretor do heliporto fez um e-mail à ANAC [Autoridade Nacional da Aviação Civil] a perguntar se era verdade e, se sim, quais os motivos e não tivemos quaisquer respostas”, contou.

Foram feitas “várias insistências” à ANAC com vista a clarificar a situação, tendo sido hoje reiterado um pedido urgente de esclarecimento.

Para o presidente do CHLC, esta é uma situação preocupante, uma vez que o hospital tem “uma infraestrutura que é importante para a manobra do helitransporte de emergência não só em termos da capital do país, mas de um conjunto de infraestruturas diferenciadas hospitalares”.

“É importante também pelo desconforto que causa nas nossas equipas que recebem doentes que não vêm diretamente para Santa Maria, mas que têm de derivar para Figo Maduro”, disse, esperando que a “situação seja ultrapassada com rapidez”, o que não depende do centro hospitalar.

Segundo Carlos Martins, têm sido “feitos melhoramentos” no heliporto do hospital e foram nomeados um diretor e uma adjunta, cuja nomeação foi autorizada pela ANAC há um ano.

“Temos um conjunto de obras que estão no nosso plano de investimento e que contemplam melhoramentos no heliporto, designadamente um melhor acesso de viaturas de combate e incêndio à plataforma, e temos feito aquilo que no nosso entendimento é necessário”, vincou.

Disse ainda que a última inspeção foi feita em 2016 e que as recomendações feitas foram cumpridas, desconhecendo por isso os motivos da proibição dos voos noturnos.

“Se for necessária alguma medida excecional, iremos tomá-la com caráter de urgência, sendo que do ponto de vista da engenharia, da segurança e da gestão da infraestrutura não existe nenhum motivo para esta interdição”, vincou.

Questionado pelos jornalistas sobre se o heliporto do Hospital de Santa Maria está certificado para operações diurnas, noturnas ou se esse processo ainda decorre, Carlos Martins disse que “o processo de certificação está em curso”.

Mas “se não tivéssemos reunidas as condições, o heliporto estaria encerrado”, rematou.

De acordo com o Jornal de Notícias, a proibição de receber voos noturnos de emergência médica a hospitais é imposta pela ANAC, entidade responsável pela certificação e fiscalização.

Além da falta de sinalização, a ANAC adianta ainda que a proibição de voos à noite também se deve “à inspeção regular”.

Este cenário, segundo o JN, verifica-se há mais de duas décadas, após o arranque do serviço de helicópteros de emergência médica.

Hoje, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, assegurou que serão feitas as adequações necessárias nos heliportos hospitalares para que possam funcionar à noite com todas as condições de segurança.