“Acho que há mudanças. Há caras que via e que já têm habitação e recomeçaram a sua vida […] e depois há novas caras. E as novas caras que tenho encontrado nos sem-abrigo tem a ver com problema que é o problema dos despejos”, disse o chefe de Estado.
Falando aos jornalistas na Pontinha, Odivelas, à margem de um almoço solidário de Natal, Marcelo Rebelo de Sousa notou que, apesar de normalmente haver mais sem-abrigo homens do que mulheres, tem conhecido “casos de sem-abrigo mulheres e não apenas homens que acabaram de ser despejadas e são pessoas com idade”.
“Aumentou a renda e não conseguiram acompanhar esse aumento”, justificou, referindo que em causa está o “problema da habitação nas áreas metropolitanas, onde o preço da habitação subiu e onde o número de despejos aumentou”.
A seu ver, “é uma realidade que tem de ser acompanhada”.
Porém, o Presidente da República notou que isso “depende da vontade política”.
“É preciso que não só este Governo, [cujo mandato] está a acabar, como o próximo Governo, seja qual for, continue com a mesma vontade e com mais meios”, vincou Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao mesmo tempo, “é preciso que a situação económica não piore”, já que “se a situação económica desacelerar, basta desacelerar no mundo, na Europa e em Portugal, aumenta imediatamente o número de sem-abrigo”, defendeu.
O almoço solidário de hoje, que decorreu nas instalações do Metropolitano de Lisboa, na Pontinha, foi servido aos utentes do Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA).
Referindo que conhece de perto o trabalho desta e de outras instituições, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que “está difícil a realização dos circuitos [de apoio] porque os sem-abrigo estão permanentemente a mudar de localização e de município”.
“Mesmo muito próximo de Belém, eu pude já verificar o aparecimento de novos sem-abrigo, que se encontram na fronteira entre dois municípios, Lisboa e Oeiras. Isto é um novo desafio complicado porque os circuitos que estão feitos são desafios que não preveem muitas vezes esta mobilidade”, assinalou o chefe de Estado.
E reforçou: “Estar em cima desta realidade social é muito importante porque esta realidade social, infelizmente, continua a dominar a vida na Grande Lisboa e no Grande Porto e temos de intervir sobre ela”.
Marcelo Rebelo de Sousa tem vindo a participar, enquanto voluntário, em almoços e jantares solidários de instituições de solidariedade e assim vai continuar durante a época natalícia.
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