"É importante dar vida a uma ação ampla e constante pela prevenção de tais chagas e pela proteção dos menores. Porém, é preciso especificar que essa obra de purificação, que já foi iniciada, necessita do apoio de todos os batizados", lê-se numa comunicação entregue aos jornalistas pelo cardeal italiano, prefeito da Congregação para o Clero, que está hoje presente no Simpósio Nacional do Clero, que decorre em Fátima.

Segundo o texto do cardeal, que contém excertos da conferência que Beniamino Stella proferiu hoje à tarde (fechada à comunicação social), o Papa Francisco "não pensa o problema dos abusos como uma realidade a ser enfrentada somente pela hierarquia da Igreja e pelos padres".

Fazendo alusão à carta que Francisco endereçou recentemente sobre os abusos de menores no seio da Igreja Católica, o cardeal italiano sublinhou que o trabalho a ser feito necessita de todos juntos: "Bispos, padres, religiosos e leigos, como único povo de Deus".

Além disso, será necessário "empenhar os melhores recursos para a formação humana e espiritual dos sacerdotes", defendeu.

Na sua comunicação, Beniamino Stella nota também que "o trabalho do Dicastério [organismos do governo da Igreja] testemunha que, tantas situações da vida dos padres, geradas a partir da solidão, do cansaço e das incompreensões, não se teriam degradado ou teriam sido enfrentadas ainda em tempo se houvesse escuta, acolhimento e partilha da parte dos bispos e de toda a comunidade cristã".

A questão dos abusos sexuais foi um dos temas marcantes da recente visita do Papa à Irlanda, onde Francisco expressou uma mensagem de vergonha e tristeza por este caso que está a abalar a Igreja.

Na sequência dessa visita, o arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, publicou uma carta a acusar Francisco de também não ter sido célere na denúncia e resolução dos casos de pedofilia.

Vários bispos portugueses têm manifestado o seu apoio ao Papa, nomeadamente o cardeal de Leiria-Fátima, António Marto, que considera que o ataque dirigido a Francisco procura "pôr em causa a sua credibilidade e criar uma divisão na Igreja".