O investimento de cerca de 1,5 milhões de euros corresponde ao passar do laboratório para a fase industrial da investigação realizada nos últimos anos no Centro de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança, como disse à Lusa um dos quatro sócios Jorge Afonso.
Três empresários, dois da região e um estrangeiro, e um dos investigadores que desenvolveu o produto são os sócios da ‘Tree Flower Solutions’, que começou a ser instalada na zona industrial de Bragança no verão e deverá começar a laborar “em abril, maio” do próximo ano.
O conservante natural à base de flor de castanheiro está patenteado e será comercializado com o nome de ‘chestwine’ e terá como primeiro objetivo o mercado do vinho.
A ideia nasceu, como explicou à Lusa Jorge Afonso, do projeto já com alguns anos de investigação no Instituto Politécnico de Bragança de extração de compostos das plantas das árvores locais, não só do castanheiro, mas também de outras como a oliveira.
“A flor de castanheiro foi aquela onde descobrimos que o teor antioxidante era muito elevado. Descobriu-se também que era antibacteriano e a primeira aplicação feita até foi nos queijos e bolos”, concretizou.
A investigação resultou num produto 100% natural em pó que “é só aplicar no vinho” para obter os mesmos resultados dos sulfitos que são usados neste processo e podem ser nocivos para a saúde em doses exageradas.
A fábrica, de acordo com o sócio, tem já seis postos de trabalho e terá mais três quando estiver a laborar.
O propósito dos investidores é criar mais produtos da extração de outras plantas e o próprio “‘chestwine’ não será só para a proteção dos vinhos, mas também para outras bebidas como as cervejas artesanais”.
Jorge Afonso acredita que este subproduto do castanheiro será mais uma fonte de rendimento para os produtores de castanha, o produto agrícola com maior peso económico na região transmontana.
Este sócio da fábrica é também o dono da adega de Bragança (JOA) onde se produz “o primeiro vinho certificado e aprovado a nível mundial com ‘chestwine’ pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e pela Comissão Vitivinícola Regional De Trás-os-Montes (CVRTM)”.
Com o uso da flor de castanheiro, “a grande diferença” que nota “a nível sensorial é que preserva mais os aromas varietais e também o sabor varietal da uva”.
Este é único produtor de vinho do concelho de Bragança, uma região pouco conhecida no setor vinícola, como observou, garantindo, contudo que está “a conseguir entrar no mercado pela diferenciação”, principalmente com o vinho branco.
Este consultor de sistemas de informação decidiu investir 220 mil euros na aldeia de Parada, a poucos quilómetros da cidade de Bragança, onde tem raízes, e recuperar antigas vinhas da família e comprar ou arrendar outras, num total de oito hectares.
“Temos muito património vinícola, de castas muito antigas e autóctones, embora não houvesse aqui uma tradição de comercialização de vinho, havia a tradição para consumo próprio”, contou.
Em 2015, colocou no mercado o primeiro vinho produzido na adega de Parada, começando por vender três mil garrafas e vai nas 25 mil, com um volume de negócios “entre 60 a 50 mil euros” e a meta de chegar “aos 300 mil euros” .
Na adega tem um trabalhador a tempo inteiro e dois a tempo parcial e, “consoante a fase da vinha”, chega a contratar “até 20 pessoas”.
O mercado principal é o nacional, nomeadamente restaurantes e garrafeiras, e cerca de 30% internacional, concretamente Estados Unidos da América, Suíça, Espanha, Alemanha e Dinamarca, e está a fechar dois contratos para a Coreia do Sul e para o Dubai.
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