Numa altura em que 95% dos votos já foram escrutinados, o PSC é o partido mais votado com 23% e 33 deputados eleitos para o parlamento regional.

No entanto, o conjunto dos partidos separatistas que apoiam a atual solução governativa na região conseguem mais do que a metade dos 135 lugares na assembleia.

O segundo partido mais votado é a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista) que tem 21,3% dos votos e 33 deputados, ficando desta vez à frente do Juntos pela Catalunha (JxC, independentista), do antigo presidente Carles Puigdemont, fugido atualmente na Bélgica, que obteve 20% e 32 lugares.

A extrema-direita espanhola do Vox aparece em quarto lugar com 7,6% e 11 deputados, seguida dos independentistas da Candidatura de Unidade Popular (CUP, extrema-esquerda) com 6,7% e nove deputados e o partido de extrema-esquerda En Comú Podem (associado ao Podemos) com 6,9% e oito deputados.

O grande perdedor das eleições é o Cidadãos (direita-liberal), que nas eleições de 2017 concentrou o voto útil dos constitucionalistas (pela união de Espanha) que agora fugiu para o PSC, e desceu de 25,3% para de 5,5% e de 36 para apenas seis deputados.

Por último, o Partido Popular (PP, direita) obteve 3,8% e três lugares no novo parlamento regional.

Palco de uma tentativa de secessão em 2017, a Catalunha realizou eleições regionais neste domingo marcadas pela pandemia e pela alta abstenção.

As eleições foram marcadas devido à inabilitação, decretada pelo poder judicial em setembro passado, do último presidente regional, o independentista Quim Torra, condenado por se ter recusado a retirar uma faixa com conteúdo separatista da fachada da sede do governo regional durante a campanha para as eleições parlamentares nacionais de abril de 2019.

Torra assumiu a presidência da região nas eleições, assim como estas antecipadas, de dezembro de 2017, depois da tentativa falhada de autodeterminação da Catalunha em 1 de outubro do mesmo ano, que terminou com a fuga para a Bélgica do presidente anterior, Carles Puigdemont.

Para esta situação excepcional, as autoridades equiparam as pessoas mobilizadas nos centros de votação com equipamento de proteção completo com macacão branco, protetor facial e luvas.

Apesar de todas essas medidas e da ligeira melhora da epidemia no país, que ainda regista elevados índices de infeções, a participação parece ter sido muito baixa.

A taxa de participação nestas eleições baixou mais de 25 pontos percentuais tendo sido agora cerca de 53% dos votos. Em 2017 tinha sido batido um recorde de mobilização.

"Eu duvidei até o último momento se iria votar ou não (...) Acho que estas eleições deveriam ter sido adiadas", reconheceu Cristina Caballero, uma educadora infantil de 34 anos de Barcelona.

"É evidente que não é o melhor momento para fazer eleições (...), mas quando se sai para trabalhar todos os dias no metro, uma pessoa também se está a expôr", diz Sergi López, um eleitor de 40 anos.

O governo regional tentou adiar as eleições para o final de maio devido aos novos surtos da pandemia depois do Natal, mas a Justiça impediu a prorrogação.

Na tentativa de combater a abstenção, foi permitido às pessoas infetadas em quarentena votar, das 18h00 às 19h00, faixa de horário em que os funcionários dos centros eleitorais estiveram equipados com trajes de proteção, luvas e máscaras.

Para minimizar o risco de contágio, as autoridades estabeleceram pontos de votação em espaços abertos como a zona à volta do do estádio do FC Barcelona ou uma praça na cidade de Tarragona.

Em todos eles, os eleitores entravam pouco a pouco para evitar aglomerações e fizeram fila do lado de fora sob uma chuva intermitente e incómoda.

Se em 2017 eram apenas 2% os que afirmavam que não iriam votar, agora seriam 12%, de acordo com as sondagens, sendo esta percentagem maior do que a verificada antes das eleições galegas (4%) e bascas (8%) realizadas em julho do ano passado, já durante a pandemia de covid-19.

Um total de 14.200 agentes da polícia regional (Mossos d’Esquadra) e da polícia local da Catalunha foram destacados para assegurar a segurança nas 2.769 mesas de voto no domingo.

Os partidos separatistas parecem agora bem colocados para se manter na presidência do executivo regional, mas a sua grande divisão desde que falharam a tentativa de independência em 2017 vai obrigar a negociações difíceis com um final imprevisível.

A ERC conseguiu ultrapassar o JxC à frente do movimento separatista e deverá avançar com o nome do próximo presidente desta comunidade autónoma espanhola.

Esta alteração eleitoral também pode significar uma diminuição das habituais posições radicais do movimento separatista.

A ERC está aberta ao diálogo com o Governo liderado por Pedro Sánchez, sendo mesmo um seu aliado fundamental para este se manter no poder em Madrid, enquanto o JxC continua a defender o confronto com o Estado central e repetiu que pretendia proclamar unilateralmente a independência, se ganhasse as eleições.

A grande aposta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, nas eleições regionais que recaiu no ex-ministro da Saúde, Salvador Illa, parece ter sido bem sucedida visto ter conseguido substituir o Cidadãos como partido mais votado e agregador do voto constitucionalista moderado.

O PSC deverá tentar a missão quase impossível de convencer a ERC a abandonar um novo pacto entre partidos independentistas e entrar noutra de aproximação entre forças da mesma família política.

A reta final da campanha eleitoral na Catalunha foi marcada pela assinatura de um documento entre os partidos independentistas com assento parlamentar – JxC, ERC, CUP, e PDeCAT (Partido Democrático Europeu da Catalunha, direita) – para que não houvesse pactos pós-eleitorais com o PSC.

A Catalunha, de 7,8 milhões de habitantes, vive imersa na instabilidade política com cinco eleições regionais desde 2010, quando começou a crescer o movimento separatista que leva agora cinco anos no poder.

A tensão alcançou o seu ponto máximo em outubro de 2017, com a realização de um referendo ilegal de autodeterminação e a fracassada proclamação de uma república independente sob a presidência de Carles Puigdemont, que mais tarde se exilou na Bélgica.

Está situada no nordeste de Espanha, esta é uma das 17 comunidades autónomas do país, com um Governo e um parlamento regional, assim como uma polícia própria (Mossos d’Esquadra).

O executivo catalão, assim como o das outras comunidades autónomas, tem poderes importantes em áreas como a Educação e a Saúde, mas as outras principais áreas de governação estão nas mãos do Governo central: impostos, negócios estrangeiros, defesa, infraestruturas (portos, aeroportos e caminhos de ferro), entre outros.

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