À chegada ao espaço, inaugurado em abril e integrado no parque oceanográfico Zoomarine, em Albufeira, é logo pedido aos visitantes que olhem para o chão e caminhem com cuidado para não pisarem as borboletas, que por vezes gostam de “descansar” no chão.
No interior do jardim a temperatura é de 28 graus, a ideal para recriar um clima tropical, e a humidade elevada, de cerca de 70%, devido a pequenos aspersores automáticos que vão irrigando o local, o que faz com que pareça ali estar bem mais de 30 graus.
Segundo explica à Lusa o diretor de conservação do Zoomarine, Élio Vicente, o número de borboletas que por ali esvoaça oscila entre as 300 e os 500, número que vai alterando de semana para semana devido ao curto ciclo de vida das borboletas.
“As borboletas têm um tempo de vida muito curto, menos de um mês em média. Há borboletas que vivem uma semana, 10 dias, outras três semanas”, explica, precisando que algumas, como as da espécie Atlas, nem têm boca, pois a sua fase adulta é exclusivamente dedicada à reprodução.
Ali, é possível ver borboletas de todas as cores, tamanhos e origens – de Ásia, África, América e também algumas que cruzam a Europa -, e assistir a todas as fases por que passam até se tornarem borboletas: desde o ovo, à lagarta, crisálida (ou pupa) e, finalmente, ao estado adulto.
“As borboletas são muito diversas, existem em Portugal mais de 350 espécies diurnas, mas as noturnas são mais de 2.500”, refere Élio Vicente, sublinhando que a fase adulta, após a metamorfose estar completa, é a “mais mágica” do seu ciclo de vida.
O espaço, além de servir de casa para as borboletas, é também um jardim botânico com mais de 120 espécies, cada uma com as suas funções: umas servem para alimentar as lagartas, outras para fazer posturas de ovos, outras ainda para ajudar algumas borboletas ou lagartas a camuflarem-se ou descansarem.
Algumas das borboletas já tiveram ali o seu ciclo completo de vida, mas todas as semanas chegam encomendas dos vários cantos do mundo com mais exemplares, sempre na sua fase de crisálida, explica Vasco Alves.
Segundo o técnico, todas as semanas são fixadas crisálidas no berçário, ou ‘pupário’, onde estão reunidas as condições para que os insetos possam sair do casulo e emergir como borboletas: aqui a humidade é mais alta, atingindo os 80%, mas a temperatura é ligeiramente mais baixa que no exterior.
“Algumas podem levar 22 dias a sair dos casulos, outras sete dias. Aqui o ambiente é ainda mais controlado e a humidade tem de ser mais alta para manter as crisálidas hidratadas”, esclarece.
Às pessoas que ali se deslocam é pedido para evitar tocar e agarrar nas borboletas, porque as asas, constituídas por escamas, são muito frágeis. No entanto, se elas poisarem nas pessoas de livre vontade, é “aproveitar” o momento, refere.
Segundo Vasco Alves, que também tem como função observar as borboletas, estas “parecem estar à vontade” com os visitantes e reagir aos estímulos que veem, pelo que se pode associar “alguma emoção” ao seu comportamento.
Ao contrário do que se possa pensar, acrescenta, algumas borboletas são também territoriais, se preferirem uma determinada planta vão tentar defendê-la de outras borboletas que se aproximem e tentam afugentá-las.
Com a abertura do borboletário, o Zoomarine, cuja coleção de animais é essencialmente composta por animais marinhos e aves, visa também chamar a atenção para a importância dos insetos na sustentabilidade do planeta, assim como da sua fragilidade.
“Nós estamos a falar de animais que são fundamentais para a sobrevivência de todas as espécies que existem no nosso planeta. Muita da nossa alimentação depende de animais polinizadores, e as borboletas, tal como as abelhas, são animais fundamentais nesse equilíbrio da natureza”, conclui Élio Vicente.
MAD // MLS
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