De acordo com o presidente do SFRCI, entre as 05:00 e as 08:00 de hoje circularam, na Linha do Sado (Barreiro — Setúbal), apenas os quatro comboios correspondentes aos serviços mínimos e mais um que não tinha sido decretado para serviços mínimos.

Tal traduz uma adesão à greve de 90%, referiu o sindicato.

No domingo, em comunicado, o sindicato que representa os trabalhadores ferroviários das carreiras comerciais, transportes e chefias diretas da CP, informou que ia dar início a várias jornadas de luta com a primeira a decorrer na Linha do Sado, durante esta semana, entre as 05:00 e as 08:00.

Entre as razões apontadas para a greve, o sindicato diz estar contra a gestão operacional da CP, “que coloca trabalhadores em trabalho extraordinário excessivo”, e exige a reposição total da oferta de comboios a nível nacional.

A estrutura sindical alega que os trabalhadores estão contra a proposta de regulamento de carreira apresentada pela CP que “extingue as categorias profissionais de operação de revisão e venda e operação venda e controlo e os técnicos comerciais”.

Na nota é criticada a proibição imposta nos comboios da linha de Sintra/Azambuja que impede os revisores “de executarem as suas funções de controlo e acompanhamento e intervenção na taxa de ocupação dos comboios”, nesta situação de calamidade decretada para a Grande Lisboa devido à pandemia por covid-19 e também a falta de oferta de comboios para os utentes da mesma linha de forma a que se possa reduzir a ocupação nas horas de ponta.

“O senhor ministro [das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos] apresentou novas carruagens comparadas a Espanha e, de facto, a gestão da empresa no último ano tem sido basicamente essa situação: só preocupada com a questão da manutenção e compra de material circulante, que é importante, mas a CP não é só oficinas e material circulante”, defendeu Luís Bravo.

No entender do sindicato, a gestão diária dos comboios, de horários e de pessoal não está a ser feita “com a devida competência”.

A título de exemplo, o dirigente sindical destaca a questão do aumento da oferta na Linha de Sintra, que está a ser estudado, para evitar picos na hora de ponta, mas que só terá uma resposta dentro de três meses.

“A questão do vírus e das necessidades dos utentes e dos trabalhadores não se coadunam com respostas a dois ou três meses, mas esse tem sido o prazo das respostas a qualquer problema existente na empresa”, apontou Luís Bravo.

Para o dirigente sindical, o facto de quatro dos cinco elementos do conselho de administração da CP terem transitado da antiga Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) é uma das causas para a persistência de “um conjunto de problemas”.

“Há um conselho de administração com um conhecimento muito específico da área oficinal, mas em termos de gestão de comboios e de pessoal, estamos a sofrer as consequências dessa falta de experiência e conhecimento”, considerou.

O sindicato lamenta ter-se visto obrigado a recorrer à greve “neste momento tão complicado” e remete para a próxima semana a divulgação do calendário das formas de luta que serão realizadas em todo o país.

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