Durante o discurso que fez ao fim da manhã no parlamento, no primeiro dia do debate de investidura, o candidato do PSOE (Partido Socialista Espanhol) assegurou que, se for reconduzido no lugar, irá subir o salário mínimo, segundo recomenda a carta social que vai mais além do que os 900 euros aprovados pelo seu executivo anterior.
Esta tarde, os oito grupos parlamentares vão reagir a esta intervenção e Sánchez terá a oportunidade de replicar aos comentários feitos.
Ao mesmo tempo, uma delegação do PSOE e outra do Unidas Podemos (extrema-esquerda) vão tentar chegar a um acordo imprescindível para a investidura de Pedro Sánchez que será votada na terça-feira.
Para ser investido o candidato precisa de ter o apoio da maioria absoluta dos deputados (176 em 350) na primeira votação ou a maioria simples (mais votos a favor do que contra) na segunda votação, na quinta-feira.
Entre as medidas avançadas pelo candidato socialista está a exumação “rápida” do corpo do antigo ditador Francisco Franco do mausoléu em que está neste momento, no Vale dos Caídos nos arredores de Madrid, para outro local menos visível.
Entre as muitas medidas referidas, Pedro Sánchez também prometeu reduzir a dívida pública do país mais rapidamente do que está previsto, avançando que no final do ano este indicador estará nos 95,8% do PIB.
Nas reações que seguiram o discurso de Sánchez, a maior parte dos representantes partidários, tanto de esquerda como de direita, criticaram o facto de o candidato não se ter referido à forma como vai resolver o problema da Catalunha, uma região de Espanha com um movimento independentista importante.
Para ser investido, Sánchez necessita dos votos dos 123 deputados do PSOE, dos 42 votos do Unidas Podemos e de outros pequenos partidos regionais.
Após quase três meses sem conseguir um compromisso depois das legislativas de 28 de abril de 2019, os socialistas iniciaram na sexta-feira uma negociação considerada decisiva para um Governo de coligação.
Se as conversações de última hora que estão a decorrer forem bem-sucedidas, Espanha terá o seu primeiro Governo de coligação e pela primeira vez a extrema-esquerda fará parte de um executivo.
Desde a transição democrática, em 1978, que a Espanha é governada de forma alternada pelo PSOE ou pelo PP (Partido Popular, direita).
Os partidos de direita, Partido Popular (PP), Cidadãos (liberais) e Vox (radicais), já disseram que vão votar contra, o que implica que, para ser eleito, Sánchez depende do acordo com o Unidas Podemos e alguns outros partidos regionais.
A ERC (Esquerda Republicana da Catalunha, independentista), o PNV (Partido Nacionalista Basco) e o Compromís (nacionalistas valencianos) já indicaram não se opor à formação de um Governo socialista.
Nas legislativas de abril último, o PSOE obteve 123 deputados (28,68% dos votos), o PP 66 (16,70%), o Cidadãos 57 (15,86%), a coligação Unidas Podemos 42 (14,31%) e o Vox 24 (10,26%), tendo os restantes deputados sido eleitos em listas de formações regionais, o que inclui partidos nacionalistas e independentistas.
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