“Em primeiro lugar, só posso ficar lisonjeado por o primeiro-ministro [António Costa] do meu país me continuar a atribuir tal importância, estando eu neste momento distante de Portugal e da política e, já agora, por aparentemente me atribuir o mérito do cumprimento do défice”, ironizou Miguel Poiares Maduro em declarações à agência Lusa, a partir de Florença, Itália.

O ministro Adjunto do Governo de coligação PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho disse ter que “declinar esse mérito” e apontou contradições no discurso do primeiro-ministro, quando diz que o investimento público caiu por a aplicação dos fundos comunitários ter sido menor e se congratula por o seu Governo ter cumprido o défice.

“Uma vez que o défice, como é sabido, só foi cumprido devido à redução do investimento público, na medida em que eu fui responsável por essa redução do investimento público, então era meu o mérito do cumprimento do défice do Governo do dr. António Costa”, acrescentou o ex-ministro.

O antigo governante social-democrata disse que “não correspondem à verdade” as declarações feitas hoje por António Costa no parlamento, quando o acusou de "notável incompetência" na gestão do processo de transição entre o anterior e o atual programa de fundos comunitários, responsabilizando-o pela quebra de investimento público registada em 2016.

“Em matéria de fundos europeus, a realidade e os factos são totalmente diferentes daquilo que ele diz”, afirmou, frisando que “os dados da comissão europeia” e “as declarações da comissária europeia da Política Regional” contradizem a visão apresentada por António Costa.

Poiares Maduro relatou que a comissária europeia, vendo a sua presença numa conferência, lembrou que “o primeiro país que tinha visitado enquanto comissária tinha sido Portugal, porque, e são palavras dela, ‘era um exemplo em matéria de aplicação dos fundos europeus e era o Estado que estava mais adiantado na aplicação e na execução dos fundos europeus’”, no âmbito do quadro Portugal 2020.

Poiares Maduro qualificou ainda como sendo do “domínio do surreal” as declarações em que António Costa disse que “o desleixo foi tanto que, em plena fase de conclusão do QREN, o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional foi substituído por um novo que resolveu seguir um caminho de descontinuidade em relação ao trabalho anterior”.

“O meu secretário de Estado foi sempre o dr. Castro Almeida, não sei onde o senhor primeiro-ministro foi buscar tal ideia”, argumentou, considerando que António Costa “às vezes entra numa tal escalada de raiva, que a mentira se transforma em delírio e leva a situações como esta, que não têm qualquer fundamento e que são surreais”.

O antigo Governante garantiu que o país “não tem nem nunca teve problemas de aplicação de fundos”.

“Não teve no passado, muito menos teve no QREN, não seguramente teve no Portugal 2020 quando nós estivemos no Governo”, afirmou, lamentando que o Governo esteja a pôr a tónica na “velocidade a que os fundos estão a ser aplicados” e não nos “mecanismos de avaliação” para saber se os fundos são bem utilizados.

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