Luís Montenegro falava na inauguração da unidade de transformação de pescado da Omni fish, em Peniche, o terceiro ponto de agenda que teve hoje de manhã neste município do distrito de Leiria, e em que nunca respondeu a perguntas da comunicação social.
“Já falei tanto hoje”, disse, quando foi questionado pelos jornalistas à saída da empresa.
Do púlpito, o primeiro-ministro reiterou que, para o executivo que lidera, “a política fiscal é um instrumento de política económica”, voltando a defender a necessidade de o país reduzir impostos para as empresas para ser mais competitivo e sobre o trabalho, em especial, os jovens para reter talento em Portugal.
“Quando nós falamos disto nós não estamos a fazer nenhuma birra fiscal ou orçamental, nós estamos mesmo a marcar uma diferença. Claro que eu não desconheço a realidade política que tenho pela frente, já sei que não tenho maioria absoluta no parlamento e já sei que o Governo terá de fazer uma aproximação com os outros partidos para nós podermos executar este plano. Mas o plano é este”, sublinhou.
Montenegro quis aproveitar a inauguração desta nova unidade empresarial para também “vender o seu peixe”, com uma única referência direta ao Orçamento do Estado para o próximo ano, que ainda tem aprovação incerta, precisamente devido às diferenças com o PS em matéria de redução do IRC.
“Para haver sucesso, para haver crescimento, para haver riqueza têm que colaborar todos, têm que colaborar os poderes públicos, têm que ter sentido responsabilidade, têm que saber perspetivar o futuro, têm que aprovar orçamentos do Estado, pois têm, e têm de prosseguir políticas amigas das empresas e amigas dos trabalhadores”, afirmou.
O primeiro-ministro defendeu que “um país que está a perder grande parte do seu capital humano para o estrangeiro não pode ficar adormecido a contemplar essa realidade”.
“É preciso arriscar, ter uma ideia de sustentabilidade, mas não uma ideia de imobilismo, não uma ideia de ficar a olhar para as receitas que já foram testadas e que trouxeram a estagnação como grande resultado”, considerou.
Num elogio aos poderes públicos que tem conhecido por todo o país, Montenegro fez, durante a manhã em Peniche, várias referências à duração dos ciclos políticos.
“Já hoje nós temos sempre um tempo para entrar e um tempo para sair, eu não sei quando é que será o de saída, antevejo que não seja tão cedo, mas isso está nas mãos, não de mim, do povo português”, afirmou, na Omnifish.
Antes, no discurso na visita ao polo de investigação de Peniche do Instituto Politécnico de Leiria, onde foi apresentado o projeto do Parque de Ciência e Tecnologia, já tinha defendido que o país tem de ter uma “linha de continuidade” e “estar à frente dos ciclos políticos”.
“O país tem de estar à frente desses ciclos [políticos], à frente dessas preocupações, tem de estar sempre e sempre numa linha de continuidade que não deve ser perdida”, afirmou.
Montenegro elogiava os autarcas e entidades locais por não terem uma “visão afunilada de ciclos políticos” e, ao fim de 10 anos de projeto e de mais do que um mandato autárquico, com duas presidências na câmara, estarem a construir a incubadora de empresas Smart Ocean, um investimento de 6,1 milhões de euros dedicada à economia do mar que está em construção dentro do porto de pesca de Peniche e que integra o parque tecnológico.
“Eu costumo dizer que vir a Peniche é fixe e, de facto, é fixe nos dois grandes significados que a palavra tem. É fixe porque é bom e é “fish” porque é peixe [em inglês]”, disse, no último discurso, que decorreu numa tenda em frente à mar e com um cocktail onde marcaram presença “chefs” culinários como Kiko ou Vítor Sobral.
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