O acórdão foi lido hoje pouco mais de 10 meses após a detenção do docente, que abusou sexualmente de quatro crianças e maltratou outra, entre 2015 e 2017, na escola básica da aldeia de Salvada, e tinha fotografias pornográficas de menores em vários suportes informáticos.
O professor, de 48 anos, que está em prisão preventiva, que passará a efetiva após o acórdão transitar em julgado, estava acusado de 534 crimes de abuso sexual de quatro crianças, um crime de maus tratos a outra criança e de um crime de pornografia de menores.
O coletivo deu como "parcialmente provada" a acusação pública e, durante o julgamento, houve alterações dos factos e, por isso, absolveu o professor de 532 crimes de abuso sexual de crianças agravado e condenou-o pela prática de dez crimes de abuso sexual de crianças de trato sucessivo, dois crimes de abuso sexual de crianças agravado e dois crimes de abuso sexual de crianças, um crime de maus tratos e um crime de pornografia de menores.
Pelos 16 crimes, em cúmulo jurídico, o coletivo condenou o professor a uma pena única de 18 anos de prisão efetiva e "a uma pena acessória de proibição de exercer profissão, emprego, funções ou atividades, públicas ou privadas, cujo exercício envolva contacto regular com menores pelo período de 15 anos".
O tribunal condenou também o professor a pagar cinco indemnizações, uma a cada uma das quatro crianças vítimas de abuso sexual e outra à criança vítima de maus tratos, de valores que variam entre os cinco mil e os 20 mil euros, num total de 53 mil euros.
Abordados pela Lusa após a leitura do acórdão, o advogado do arguido e a representante das quatro crianças que se constituíram assistentes no processo, sendo que três foram alvo de abusos sexuais e a outra de maus tratos, escusaram-se a falar sobre a decisão do coletivo.
Segundo o acórdão, os abusos sexuais das quatro crianças foram cometidos pelo professor entre 2015, quando tinham entre seis e nove anos, e 2017, quando tinham entre oito e 11 anos.
Os maus tratos contra uma quinta criança terão começado em setembro de 2015, quando a vítima tinha seis anos.
As crianças depuseram para memória futura e relataram os abusos ou maus tratos de que foram alvo por parte do professor, que, na primeira sessão do julgamento, que decorreu no dia 10 deste mês, recusou prestar declarações.
O docente ameaçava as crianças para que mantivessem o silêncio, mas o caso foi denunciado pela mãe de uma das alunas abusada.
O professor foi detido pela Polícia Judiciária no dia 22 de novembro de 2017 e, dois dias depois, foi sujeito a primeiro interrogatório no Tribunal de Beja, que lhe decretou a prisão preventiva.
No dia da detenção, a PJ realizou buscas à casa e apreendeu o computador e vários suportes informáticos do arguido, onde encontrou ficheiros de pornografia de menores armazenados.
[Notícia atualizada às 17h17 com informação adicional sobre o julgamento e a sentença]
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