“Nesta fase, está esgotada a possibilidade do Governo, nomeadamente, [na lei] dos concursos fazer o que quer que seja. O diploma está com o Presidente da República (…) que, usando os seus poderes constitucionais (…) tem a possibilidade de fazer qualquer coisa por nós”, começou por dizer o docente, em declarações à LUSA.

Luís Sottomaior Braga falou junto à autocaravana e à tenda de campanha que hoje foram instaladas junto à escola secundária de Santa Maria Maior, em Viana do Castelo, onde vai permanecer durante a greve de fome, por tempo indeterminado, que inicia meia noite de terça-feira.

“Numa República que é semipresidencialista, não é só o Governo, não é só o parlamento que tem a capacidade de intervir nas leis, é também o Presidente, elas só existem se ele quiser”, acrescentou, junto ao cartaz de grandes dimensões que rodeia a autocaravana e a tenda de campanha com a frase “Todos juntos pela escola pública”.

O subdiretor do agrupamento de escolas da Abelheira, explicou que o protesto, apesar de “radical, não é estritamente individual”, e resultou da reflexão de um grupo de docentes que concluiu que depois de seis meses de contestação “o Governo, objetivamente, não está a ligar” às reivindicações da classe.

“A Páscoa já passou e não houve acordo nenhum. Nem nos concursos, nem na carreira, nem no tempo de serviço. O Presidente da República vai promulgar leis que foram feitas contra a sua vontade porque defendeu que devia haver um acordo”, sustentou, acrescentando que Marcelo Rebelo de Sousa também “tem de dizer alguma coisa” sobre a permanência do ministro da Educação no Governo.

O docente explicou que a sua forma de luta pretende “provocar, junto do poder político a sensação de vergonha e problemas de consciência”.

“Já me foi dito que poderá acontecer que mais pessoas possam vir a fazer a mesma coisa”, alertou, referindo que tem sentido “muito apoio” na luta que vai iniciar que tem como limite o seu estado de saúde.

"Daqui vou sair para o hospital”, finalizou.