A notícia é avançada pela universidade do qual fez parte, a Universidade de Edimburgo, na Escócia, Reino Unido.

Em comunicado a instituição de ensino confirma a morte do académico, aos 79 anos, e nas palavras do reitor, Sir Peter Mathieson sublinha estarem "profundamente tristes".

O responsável da universidade refere-se ao colega como "um titã do mundo científico, que liderou a equipa do Instituto Roslin que clonou a ovelha Dolly - o primeiro mamífero a ser clonado a partir de uma célula adulta - o que transformou o pensamento científico da época. Este avanço continua a alimentar muitos dos avanços feitos no campo da medicina regenerativa que vemos hoje", refere.

Numa pequena biografia partilhada pela universidade, sabe-se que o investigador era filho de dois professores, e nasceu perto Stratford-upon-Avon, no sul do Reino Unido, antes da família se mudar para Yorkshire, no norte do país. Foi na escola na cidade de Scarborough que começou a interessar-se por biologia.

Após completar o ensino secundário, estudou na Universidade de Nottingham, interessando-se inicialmente por Agricultura, mas acabando por se mudar para Zootecnia após ser inspirado pelos investigadores da Universidade.

Os seus primeiros trabalhos na Universidade de Cambridge, como parte da equipa do professor Christopher Polge, focaram-se na preservação de sémen e embriões por congelamento. Isto levou ao nascimento de "Frostie", o primeiro bezerro nascido de um embrião congelado.

Sir Ian mudou-se para a Animal Breeding Research Organization (ABRO), antecessora do Roslin Institute, em Edimburgo, em 1973.

Na ABRO, continuou a trabalhar com células reprodutivas e embriões e envolveu-se num projeto de criação de ovelhas geneticamente modificadas que produzissem leite com proteínas e poderiam ser utilizadas no tratamento de doenças humanas.

À medida que o projeto avançava, tornou-se claro que era necessário um método novo e mais eficiente de produzir estas ovelhas. Ian liderou esforços para desenvolver técnicas de clonagem que pudessem ser usadas para produzir ovelhas geneticamente modificadas.

Esses esforços levaram ao nascimento de "Dolly", o primeiro mamífero a ser clonado a partir de uma célula adulta, em 1996.

'Dolly 'foi clonada a partir de uma célula retirada da glândula mamária de uma ovelha da raça Finn Dorset de seis anos, e de um óvulo retirado de uma ovelha escocesa da raça Blackface.

O nome do animal, que viveu até 2003 (atingindo os seis anos de idade), baseou-se na cantora country Dolly Parton.

O nascimento de "Dolly" transformou o pensamento científico da época, provando que células especializadas podiam ser usadas para criar uma cópia exata do animal de onde vieram.

Após o sucesso da investigação sobre clonagem, Sir Ian começou a concentrar-se no uso da clonagem para produzir células-tronco que poderiam ser utilizadas na medicina regenerativa.

Mudou-se para a Universidade de Edimburgo em 2005, tornando-se o primeiro Diretor do Centro MRC de Medicina Regenerativa – agora parte do recém-formado Instituto de Regeneração e Reparação – no ano seguinte.

Continuou a sua ligação ao Centro como Professor Emérito, e trabalhou num grupo de investigação dos mecanismos moleculares que regulam a reprogramação das células, com o objetivo de aumentar a eficiência e precisão deste processo.

Após o diagnóstico de Parkinson em 2018, Sir Ian tornou-se patrono de um programa de investigação criado para permitir ensaios de uma nova geração de terapias que visam retardar a progressão da doença.