No dia 20 de dezembro, a Câmara do Porto anunciou que as obras de requalificação do Mercado do Bolhão, cujo término estava previsto para maio de 2020, iriam ser prolongadas por mais um ano, devido à necessidade de alterar "o método construtivo".

"O referido processo encontra-se em análise", esclareceu hoje a DRCN em resposta à Lusa.

Em causa está a utilização de um método construtivo diferente na contenção e construção da cave que implica a demolição e reconstrução total das galerias superiores, cujo estado de degradação, afirmava a autarquia, em dezembro, "era, afinal bastante mais grave do que era possível apurar a partir dos estudos preliminares".

Na altura, o presidente da autarquia, Rui Moreira, explicou que "caso as galerias se mantivessem intactas durante toda a obra, como estava inicialmente previsto, a abordagem que agora se propõe seria impossível. E a construção cave ficaria comprometida, mais morosa e menos segura. Seria mais cara e demoraria mais tempo, atirando a conclusão do restauro para dezembro de 2021".

Segundo o autarca, tendo em conta estas circunstâncias, o consórcio que está a executar a obra propôs ao município alterar o método construtivo da cave, que depois de validado pela equipa de projetistas, pode avançar de "imediato".

O autarca deixou, contudo, claro que "o projeto, no seu âmago, finalidade, resultado final, mantém-se inalterado", não sofrendo qualquer alteração "a traça do edifício e das suas características".

No final de dezembro, o arquiteto Joaquim Massena, autor de um projeto de requalificação para o Mercado do Bolhão preterido pela Câmara do Porto, criticou a "demolição profunda" e "indigna" prevista para aquele espaço, que irá destruir património "desnecessariamente".

Massena questionava o que ficará do Bolhão depois das demolições, estranhando o silêncio DRCN, que tem a responsabilidade de acompanhar este processo.

A 15 de maio de 2018, a câmara divulgou na sua página da Internet que a obra de restauro do edifício do Mercado do Bolhão foi naquele dia adjudicada e que as "primeiras máquinas" já tinham entrado no edifício centenário, prevendo-se que a reabilitação ficasse pronta dentro de "dois anos".