"Sidra", o livro sagrado dos séculos XIV-XV, que se encontrava em péssimo estado de conservação, foi submetido a dez meses de restauração em Itália, onde chegou em 2017, e foi agora devolvido às autoridades religiosas de Qaraqosh pelo Papa Francisco, durante a sua recente viagem ao Iraque, de acordo com o Vatican News.
Conhecida como Bajdida, ou também como Baghdeda, Qaraqosh, o Al-Hamdaniya, a cidade assíria, localizada no estado de Nínive, no norte do Iraque, encontra-se a 51 km ao sudeste de Mosul. A região de Nínive foi ocupada pelos jihadistas do grupo Estado Islâmico entre 2014 e 2017 e a comunidade cristã dessa região foi obrigada a fugir sem poder voltar.
O manuscrito foi salvo da destruição por sacerdotes locais e contém orações litúrgicas para a Páscoa. A Focsiv, a Federação de Organizações Cristãs de Serviço Voluntário Internacional, entregou o livro ao Papa Francisco em Itália, a 10 de fevereiro. "Para que retorne à sua Igreja nessa terra martirizada, como sinal de paz, de irmandade", pediram na altura.
Ivana Borsotto, presidente da Focsiv, presente no Iraque há seis anos, explicou ao site de notícias do Vaticano que o momento da devolução do livro à sua terra-natal foi muito emotivo, também por todo o simbolismo associado.
"Como Focsiv, também acompanhámos esse livro 'refugiado' e que foi entregue no final de tudo. O Papa Francisco devolveu-o à catedral de Qaraqosh, por isso, para nós, foi realmente uma grande emoção. As palavras do Papa têm um poder evocativo muito profundo, especialmente ouvi-las depois desta semana, quando conhecemos tantas famílias — aqui em Qaraqosh também — que nos contaram o que significa fugir da noite para o dia, deixar tudo, deixar a própria casa e viver por três anos em campos de refugiados", afirmou.
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