Maria Antónia Almeida Santos falava em declarações aos jornalistas, na sede nacional do PS, em Lisboa, em reação ao discurso do presidente do PSD, Rui Rio, hoje à tarde, na Festa do Pontal, em Loulé, no Algarve.

"O que realça da intervenção que hoje fez no convívio do PSD é a total ausência de propostas para o país. Para quem diz que coloca Portugal à frente do seu próprio partido, a intervenção que hoje fez é a completa antítese desse princípio", considerou.

A porta-voz da Comissão Permanente do PS sustentou que "a principal preocupação do doutor Rui Rio é ainda ganhar o seu próprio partido", e que por isso "o cerne do seu discurso foi virado para dentro, para as questões internas", ressalvando: "Obviamente que esse assunto não nos merece nenhum comentário".

"Depois da desilusão de hoje e da total ausência, repito, de propostas, esperamos sinceramente que o PSD inverta este vazio de ideias, de propostas, e que possa a breve prazo contribuir para um bom Orçamento do Estado para o próximo ano", acrescentou.

Em resposta a questões dos jornalistas, a deputada e dirigente nacional socialista insistiu neste ponto: "Foi evidente que, de facto, [Rui Rio] está ainda virado para dentro. Faço votos para que o PSD possa vir a debate já agora no próximo Orçamento do Estado e possa contribuir de forma substancial para melhorarmos ainda mais o cenário em que nos movemos todos neste país e com tão bons resultados que temos conseguido até agora, que são para continuar".

"Temos alguma dificuldade em perceber qual é a alternativa que o doutor Rui Rio propõe para o país", reforçou.

No discurso que fez na Festa do Pontal, o presidente do PSD desvalorizou a ideia lançada pelo primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, de um incentivo fiscal para o regresso de emigrantes, admitindo que a intenção possa ser boa, mas alegando que "não vale a pena, os portugueses não regressam" por pagarem menos IRS e que a solução passa por "empregos decentes e salários decentes".

Sobre este tema, Maria Antónia Almeida Santos disse que o PS e o próprio secretário-geral têm consciência de que a criação de um incentivo fiscal não é condição suficiente para o regresso de emigrantes, mas contestou a posição de Rui Rio: "É mais um incentivo para que as pessoas regressem, é mais um contributo, acrescenta, não diminui. Portanto, não percebo o alcance dessa crítica".

"E o senhor primeiro-ministro já anunciou que os detalhes da medida vão ser conhecidos e que a medida pode ser aperfeiçoada", referiu.

A porta-voz do PS foi também questionada sobre o período em que o presidente do PSD esteve sem agenda pública no mês de agosto, mas recusou comentar esse assunto: "Não comento. O sentido de oportunidade de Rui Rio é dele".

Por outro lado, lamentou que, na intervenção de hoje, Rui Rio não tenha falado sobre os resultados orçamentais, a criação de emprego, o aumento do rendimento das famílias e a descida da taxa de desemprego.

A atual solução de Governo, segundo a dirigente socialista, "se calhar não faz sentido para o doutor Rui Rio, mas para o país e para o PS faz sentido", porque "está a dar resultados".

"É uma solução para continuar", declarou.

Quanto à afirmação do líder do PSD de que o Governo tem dois discursos contraditórios, um do ministro das Finanças para a Europa e outro do primeiro-ministro para o PCP e o Bloco de Esquerda, Maria Antónia Almeida Santos contrapôs que ambos têm "discursos para os portugueses".

(Notícia atualizada às 20h17)