"Após o resultado das eleições, e com objetivo de promover uma solução de governo estável, o PS/Madeira e o JPP chegaram hoje a um compromisso conjunto. O PS/Madeira e o JPP tiveram mais votos e deputados do que o PSD/Madeira (as duas estruturas regionais dos partidos somam 20 deputados, aquém dos 24 necessários para a maioria absoluta).

"Assim, decidimos formalizar uma declaração de princípios para: dialogar com os partidos eleitos, à excepção do PSD e o Chega, de modo a construir apoio parlamentar mais robusto. Não vamos viabilizar qualquer solução governativa apresentada pelo PSD", começou por afirmar Paulo Cafôfo (PS) em conferência de imprensa conjunta no Funchal.

"Vamos apresentar uma solução de governo conjunta, ao Representante da República da Região Autónoma da Madeira, que permita nomear um Governo Regional apresentado pelos nossos partidos", afirmou.

"Este entendimento nasce do compromisso de que assumimos com a população. Nós estamos preparados para governar. Este é um momento histórico para o fazer", começou por dizer Élvio Sousa (JPP) na conferência de imprensa conjunta no Funchal.

"Faço um apelo de consciência de que isto não é um entendimento entre PS e JPP. É um entendimento que ajuda os madeirenses e porto-santenses", disse Sousa. "Nós damos a cara pelo futuro da Madeira. Isto é vontade de mudar. Isto é apresentar uma solução. Se não resultar, logo veremos. Se não resultar, vamos cada um para sua casa, mas, ficamos com a consciência tranquila", explicou o representante da JPP.

Paulo Cafôfo e Élvio Sousa apelaram à responsabilidade das restantes forças políticas, defendendo que esta é uma oportunidade de tirar o poder ao PSD, que governa a região há 48 anos.

"48 anos de poder ininterrupto do PSD fazem este um partido esgotado e sem resposta. Precisámos de alternância partidária para que haja democracia saudável. Precisamos de uma solução responsável que coloque os interesses dos madeirenses e dos porto-satenses que nos permita ter estabilidade", explicou também Cafôfo.

Segundo os resultados oficiais provisórios da noite eleitoral divulgados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PSD elegeu 19 deputados (36,13%, 49.103 votos) e o CDS dois (3,96%, 5.384 votos), quando no ano passado, em coligação, conseguiram, respetivamente, 20 e três.

Os dois partidos, que fizeram um acordo após as eleições de 2019 – ano em que o PSD perdeu pela primeira vez a maioria absoluta - governaram juntos o arquipélago desde então, mas em 2023 os sociais-democratas assinaram um entendimento de incidência parlamentar com a única eleita do PAN para que a coligação pudesse contar com o apoio de 24 dos 47 deputados da Assembleia Legislativa.

O PAN manteve o lugar nas eleições de domingo (com 1,86%, 2.531 votos), e também o PS (21,32%, 28.981 votos), o Chega (9,23%, 12.541 votos) e a IL (2,56%, 3.482 votos) ficaram com o mesmo número de assentos – 11 , quatro e um.

O JPP, partido nascido na região e com origem num movimento autárquico independente, aumentou o número de eleitos de cinco para nove, com 22.958 votos (16,89%).

O BE e o PCP (neste caso, através da coligação CDU, que inclui também o PEV) perderam a representação parlamentar, mas prometeram continuar as suas lutas e a trabalhar com a população. Na corrida estavam ainda mais cinco forças políticas, que não conseguiram eleger: PTP, Livre, ADN, MPT e RIR.

As eleições antecipadas ocorreram oito meses após o mais recente sufrágio, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção e pediu a demissão, deixando o executivo em gestão.