“O acordo que foi alcançado para o corredor verde europeu é uma vitória para o nosso país. É positivo para Portugal. É positivo para Espanha e França. É positivo para o conjunto da União Europeia, no momento em que, mais do que nunca, temos de promover a nossa autonomia estratégica alargada também do ponto de vista energético”, afirmou o secretário-geral adjunto socialista, João Torres, em Belmonte, distrito de Castelo Branco.
João Torres reagia assim às declarações do vice-presidente do PSD Paulo Rangel, que hoje classificou o acordo como “mau”, fundamentando que Portugal perdeu na eletricidade e no gás, face a França e Espanha.
Críticas que deixaram “estupefacto” o número dois da direção do PS e que o levaram a acusar o PSD de estar a “radicalizar” o discurso político e de fazer política “do quanto pior melhor”.
“Até o ‘bota-abaixismo’ na política tem de ter os seus limites. E parece até que as vitórias de Portugal são hoje as derrotas do PPD/PSD”, afirmou.
Segundo defendeu, a posição de Paulo Rangel segue o modelo adotado pelo líder do PSD, Luís Montenegro, que “só consegue fazer política criticando tudo e todos”.
O dirigente socialista deixou ainda um apelo para que se “recupere o sentido de Estado, de preservação e de valorização do interesse público e do interesse nacional”.
João Torres também rejeitou a ideia passada por Rangel de que Portugal trocou o valor das energias renováveis “por um prato de lentilhas” e frisou que é o PSD que tem levantado reservas relativamente às energias renováveis.
“Sabemos que o PSD, no tempo devido, esteve contra o investimento tão substantivo que foi feito nas energias renováveis, o PSD esteve contra o investimento no hidrogénio e o PSD está hoje contra este acordo”, apontou.
Repetiu ainda que o acordo é positivo, porque permitirá “desbloquear o impasse que existia” e “aproximar a península Ibérica dos países do norte da Europa”.
Além disso, destacou a importância do acordo por permitir avançar com a construção de um gasoduto que pode dar condições a Portugal para um “reforço da produção e consequente exportação”.
António Costa, Pedro Sánchez e Emmanuel Macron decidiram na quinta-feira avançar com um “Corredor de Energia Verde”, por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).
O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do corredor verde BarMar serão debatidos num novo encontro a três em dezembro, em Alicante, Espanha.
De acordo com o texto do acordo, a que a Lusa teve acesso, os ministros da Energia dos três países — que também estiveram presentes na reunião — irão começar imediatamente o trabalho preparatório para avançar com o BarMar e também sobre o reforço das interligações elétricas entre Espanha e França, “em ligação estreita com a Comissão Europeia”.
Os dois primeiros-ministros ibéricos e o Presidente francês chegaram ainda acordo na necessidade de “concluir as futuras interligações de gás renovável entre Portugal e Espanha, nomeadamente a ligação de Celorico da Beira e Zamora (CelZa)”.
As infraestruturas que serão criadas para a distribuição de hidrogénio “deverão ser tecnicamente adaptadas para transportar outros gases renováveis, bem como uma proporção limitada de gás natural como fonte temporária e transitória de energia”.
António Costa considerou que o acordo permite “ultrapassar um bloqueio histórico” relativamente às interconexões ibéricas para gás e eletricidade.
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