Em declarações aos jornalistas, a meio do Conselho Nacional do partido que decorre em Lisboa, Luís Montenegro afirmou que o fio do condutor da reunião tem sido a análise da “postura de um Governo que demonstra não ter sentido de Estado e está a desbaratar a autoridade do Estado”.

De acordo com fonte do PSD, o presidente do partido, Pedro Passos Coelho, dedicou parte da sua intervenção inicial na reunião, que decorre à porta fechada, à questão dos recentes incêndios da região Centro, que provocaram 64 mortos, dizendo que o Governo agiu nesta matéria como “baratas tontas”, com vários serviços a contradizerem-se entre si.

A este propósito, Passos Coelho criticou igualmente as recentes mudanças na estrutura de coordenação na Proteção Civil e abordou também algumas queixas de dívidas aos bombeiros.

Questionado pelos jornalistas, Luís Montenegro afirmou que a recente declaração de Passos Coelho sobre a existência de suicídios em consequência dos incêndios — uma informação que não se veio a confirmar e pela qual o líder do PSD pediu desculpa — não foi abordada, até agora, no Conselho Nacional.

“Mas a referência que o senhor jornalista faz permite-me dizer de forma muito clara: que diferente que é a forma de estar e a forma de abordar as questões entre o atual e o anterior primeiro-ministro”, disse.

No início do Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre Congressos, foi respeitado um minuto de silêncio pelas vítimas do incêndio que deflagrou a 17 de junho, em Pedrógão Grande, e pela morte dos ex-ministros do partido Miguel Beleza e Carlos Macedo.

“Estamos a assistir em Portugal a uma cada vez mais nítida revelação de um Governo que está a deixar colapsar o Estado, a autoridade, o sentido de Estado das funções governativas e está a fazer refletir isso na insegurança das pessoas”, lamentou Luís Montenegro, considerando “sintomática” a resposta do executivo aos incêndios da região Centro.

A este propósito, o líder parlamentar do PSD referiu-se à notícia hoje divulgada pelo jornal i, segundo a qual o Governo teria encomendado um estudo de opinião para aferir os níveis de popularidade do Governo após os incêndios.

“Vem até a público que estão satisfeitos, contentes com a popularidade do primeiro-ministro nesta ocasião. Creio que isto diz muito daquilo que é a postura do Governo e a forma como se encaram situações que exigiriam um sentido de Estado bem mais profundo”, afirmou.

Reiterando que existem ainda “muitas respostas por dar” por parte do executivo, Montenegro defendeu que o parlamento “não se pode inibir” de questionar o Governo, enquanto se aguardam os resultados dos vários inquéritos e o arranque dos trabalhos da comissão técnica independente proposta pelo PSD e que vai ser aprovada na sexta-feira, na Assembleia da República.

O líder parlamentar do PSD manifestou ainda a preocupação do partido com a notícia de que foram roubadas granadas de mão ofensivas e munições das instalações militares dos Paióis Nacionais de Tancos.

“Há meses, foram pistolas do comando nacional da PSP, a situação é muito grave. O PSD insta o Governo a tomar as medidas necessárias para que isto não volte a suceder, estas situações não podem ser só lamentadas, têm de ser evitadas”, apelou, dizendo esperar que o problema não de deva a falta de pessoal ou de alocação de meios.

O Conselho Nacional terminou cerca da meia-noite e a intervenção final de Passos Coelho foi virada para dentro do partido, na qual reafirmou ser candidato no próximo Congresso e disse que “não perde o sono” com os críticos internos.

De acordo com relatos da reunião feitos à Lusa, o presidente do PSD contrapôs que também teria sido criticado se tivesse “desistido” e saído da liderança após as últimas eleições legislativas e considerou ser ele o melhor candidato para defender o legado da governação social-democrata.

A reunião decorreu num tom sereno, tendo a intervenção mais crítica vindo do antigo presidente da distrital de Setúbal Luís Rodrigues, que lamentou a situação criada pela direção nacional na distrital de Lisboa, que vai a votos no sábado, apesar de o Conselho Nacional ter recomendado que as eleições internas decorressem após as autárquicas.

O antigo deputado e atual candidato pelo PSD à Câmara Municipal de Arraiolos (Évora) lamentou ainda que figuras nacionais do partido “se escondam” atrás de candidaturas a assembleias municipais, numa referência a Pedro Duarte, no Porto, e José Eduardo Martins, em Lisboa, e criticou Rui Rio por andar a defender uma reforma do Estado assente na regionalização.

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