No Conselho Nacional de hoje, que vai estar reunido em Barcelos (distrito de Braga), o dirigente vai propor que aquele órgão “delibere a convocação de um Congresso Extraordinário do PSD, o qual deverá ocorrer previamente às eleições diretas” do partido e “não comprometer o calendário de transição de direções nacionais anunciado pelo presidente do PSD”.

Na proposta, à qual a agência Lusa teve acesso, Cristóvão Norte aponta que o PSD “sofreu um duro revés nas recentes eleições legislativas, as quais, para além da imprevista maioria absoluta do Partido Socialista, produziram uma profunda transformação no campo político não-socialista”.

“Ao PSD, após este ato eleitoral e em função dos seus resultados, cabe abrir um processo de reflexão, de modo a apurar as causas estruturais e conjunturais da estagnação eleitoral do partido, definir com clareza o seu papel na sociedade portuguesa e lançar as bases para uma reforma do seu modo de funcionamento, tornando-o mais favorável à participação dos cidadãos, mais plural e inclusivo na relação com os militantes, em suma, modernizando-o”, defende.

O deputado salienta que “é desejável que esse processo de reflexão ocorra previamente à eleição da nova liderança e necessário que compreenda a realização de um congresso extraordinário, também de cariz estatutário, que se constitua como um esforço coletivo do partido e que a todos responsabilize”.

Assim, Cristóvão Norte apela ao Conselho Nacional que reflita “sobre os passos a dar e que inicie e promova a necessária tarefa de reflexão que é imprescindível empreender neste tempo”, sustentando que “o uso inteligente e proveitoso deste período é essencial para criar condições para um partido mais útil à sociedade portuguesa, que perceba que é necessário tecer, sem por em causa a sua natureza nem claudicar nos seus princípios, uma nova e vasta coligação de representação política e social de modo a ambicionar liderar e transformar Portugal”.

“O que não é desejável é que o PSD atravesse esta crise, por resignação ou preguiça, como um mero incidente conjuntural, sem quaisquer consequências nos desafios que se avizinham e não obrigando a qualquer exercício reflexivo, declinando toda a responsabilidade a uma futura liderança do PSD, a qual terá já desafios de largo alcance”, defende.

O líder da distrital de Faro argumenta que “o PSD, a seu bem e das direções que o venham a liderar, não se pode esgotar nesses mesmos órgãos de cúpula, nem ditar a cada um dos seus líderes uma aura messiânica, cujo peso contribui muitas vezes para acelerar processos de desgaste e desilusão da militância, colocando dificuldades na afirmação perante o país e conduzindo ao risco de que se transforme numa infernal máquina de “trituração” de lideranças”.

O Conselho Nacional do PSD vai reunir-se hoje, em Barcelos (Braga), para fazer a análise dos resultados das legislativas e debater o modo e o tempo da saída de Rui Rio da liderança do partido.

No início de fevereiro, alguns dias depois da derrota eleitoral do PSD, Rui Rio confirmou que irá deixar a presidência do partido – cargo que ocupa desde janeiro de 2018 – e remeteu para o Conselho Nacional a tarefa de definir o ‘timing’, embora manifestando disponibilidade para se manter até ao início de julho.

Fonte da direção confirmou à Lusa que a Comissão Política Nacional (CPN) não irá levar qualquer proposta de calendário de diretas e Congresso a Barcelos e defendeu que nem sequer poderá ser votada hoje qualquer data, uma vez que tal não está incluído na ordem de trabalhos.

No entanto, vai ser apresentado na reunião uma proposta de deliberação assinada por 17 das 19 distritais do PSD (ficam de fora Aveiro e Évora) que pretende que, num prazo máximo de dez dias, se realize uma nova reunião deste órgão e sejam marcadas eleições diretas e Congresso.