Quando estão apuradas todas as freguesias do território nacional, os sociais-democratas obtiveram 27,9% dos votos, correspondentes a 77 deputados (e mais de 1,4 milhões de votos) – ainda faltam atribuir os quatro mandatos da emigração -, e ficou a nove pontos percentuais do PS.

O PSD só por três vezes na sua história teve um resultado inferior em percentagem em eleições para o parlamento nacional: o pior aconteceu em 1976, nas primeiras eleições para a Assembleia da República, quando o partido então liderado pelo fundador Francisco Sá Carneiro alcançou 24,35% dos votos e elegeu 73 deputados (correspondentes a 1,3 milhões de votos), no único sufrágio em que o parlamento elegeu 263 parlamentares.

O segundo pior resultado dos sociais-democratas data de 1975, nas eleições para a Assembleia Constituinte, quando registam 26,39% dos votos. Segue-se a marca de 1983, quando o partido, presidido por Carlos Mota Pinto, se fica pelos 27,24% (75 deputados em 250, 1,5 milhões de votos).

O resultado deste domingo ficará como o quarto pior do PSD em eleições para o parlamento, abaixo de dois alcançados já este século: o de Santana Lopes em 2005 (28,77%, 1,6 milhões de votos e 75 deputados, já com a composição atual de 230 parlamentares) e de Manuela Ferreira Leite em 2009 (29,11%, 1,6 milhões de votos e 81 deputados).

No entanto, em termos de deputados, o PSD de Rio ficará acima do de Santana, e perderá – se eleger pelo menos dois dos quatro mandatos ainda por atribuir - apenas uma dezena de deputados em relação à atual composição da Assembleia, em que os sociais-democratas têm 89 assentos.

Além disso, em 2005 o PS conquistou a sua primeira e única maioria absoluta e deixou os sociais-democratas a 17 pontos percentuais.

Já perto da meia-noite, Rio assumiu que o PSD não alcançou o principal objetivo – vencer as eleições – mas defendeu que não se tratou de “uma grande derrota”, explicando o resultado pela conjuntura económica internacional favorável ao Governo, pelo surgimento de novos partidos à direita, mas também pelas sondagens que terão “desmotivado” os eleitores sociais-democratas e pela ação dos críticos internos.

Na sua intervenção, considerou ter enfrentado “uma instabilidade de uma dimensão nunca antes vista na história do PSD e exclusivamente motivada por ambições pessoais”.

Rio não foi claro sobre a sua continuidade e eventual recandidatura à liderança do PSD – pelos estatutos do partido, deverão realizar-se eleições internas em janeiro –, dizendo que será uma decisão tomada “com serenidade e ponderação”, nem sobre o que poderá fazer pela estabilidade governativa, confessando não saber o que pretende fazer o PS.

Em termos de círculos eleitorais, os sociais-democratas apenas venceram em cinco dos 20 círculos nacionais: Vila Real, Madeira, Bragança, Leiria e Viseu (e perdendo aqui um deputado, num círculo que este ano passou a eleger menos um parlamentar).

Nas últimas legislativas, a coligação Portugal à Frente (juntou PSD e CDS) tinha ganho em 13 círculos dos 20 círculos, contra os sete do PS.

Em relação a 2015, os sociais-democratas perderam para os socialistas oito círculos: Aveiro (onde perdem dois deputados), Porto (mas, perdendo o círculo, recuperam um deputado), Braga (embora mantendo os mesmos oito deputados), Santarém (também mantendo os mesmos três parlamentares), Lisboa, Coimbra, Viana do Castelo e Guarda, perdendo um deputado em cada um destes círculos.

Relativamente há quatro anos, o PSD recupera um deputado em Faro e outro em Vila Real (ambos à custa do CDS, que deixou de eleger nestes círculos), e perde um deputado em Castelo Branco. Nos Açores, mantém os mesmos três parlamentares.

O partido deixa de estar representado no Alentejo, perdendo em Beja, Évora e Portalegre os deputados únicos que tinha eleito há quatro anos por cada círculo.

(Por: Sara Madeira da agência Lusa)