Luís Montenegro falava aos jornalistas em Santa Rita, no concelho de Vila Real de Santo António, após uma reunião com a Associação de Utentes da Estrada Nacional 125 (EN125), no fim de quatro dias de contactos no Algarve, no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal”, e apontou estas áreas como exemplos dos problemas que afetam esta região turística portuguesa.
O presidente do PSD considerou que o Algarve é “uma região que, claramente, se sente secundarizada no panorama nacional” e com “um grau de particularidade grande”, que “acaba por ter o reflexo na falta de estratégia nacional”.
“As grandes questões que aqui pude reter, do contacto direto com as pessoas, são: em primeiro lugar, um problema transversal ao nível da habitação, um problema que atinge os jovens estudantes, os trabalhadores, nacionais e não nacionais, que aqui vêm oferecer a sua mão-de-obra para poder dar competitividade económica ao país e à região e que, muitas vezes, esbarram num mercado habitacional altamente inflacionado e que não dá garantias de poder cobrir aquilo que são os rendimentos que as pessoas têm”, indicou.
O dirigente partidário disse que outra “matéria transversal” ao Algarve “é a água”, devido à escassez que afeta à região por causa da seca, e considerou que esta matéria tem sido “muito negligenciada”, porque “na habitação se fala muito no país” e “de água fala-se menos”, apesar de ser um tema “absolutamente crucial” quer para o abastecimento humano, quer para as atividades económicas, em particular a agricultura.
Montenegro defendeu a necessidade de se elaborar um plano nacional de gestão e retenção de água e um plano de regadio e garantiu que está hoje “muito sensibilizado para a necessidade de promover às vezes pequenos investimentos”, como barragens, açudes ou ligações, que permitam “dar uma maior autonomia a este território para ele ser competitivo”.
“Seria trágico para este território que algum dia houvesse falhas sucessivas no abastecimento de água nas habitações e nos equipamentos hoteleiros. Isso seria um fator de falta de competitividade enorme, num contexto em que nós temos efetivamente uma boa performance em termos internacionais”, acrescentou.
Luís Montenegro considerou que os últimos anos de gestão socialista no país ficaram “marcados por indecisões, hesitações” e “ziguezagues políticos”, sem que as “grandes apresentações” do Governo chegassem “a ver a luz do dia”.
“Por falar em falta de capacidade de execução, aqui mesmo atrás de mim, na Estrada Nacional 125, neste troço que liga Olhão a Vila Real de Santo António, o atraso reiterado das obras de requalificação são um elemento que trazem a estas populações dificuldades de mobilidade, que traz perigo, que traz falta de atratividade e de condições para que as pessoas aqui também se possam fixar”, exemplificou.
O presidente do PSD advertiu que há outro elemento transversal no país e no Algarve, mas que tem “uma especificidade grande” na região, que é “a questão da Saúde”, alegando que a “resposta hoje do Serviço Nacional de Saúde, e mesmo de toda a capacidade instalada no setor privado e social, é insuficiente para dar segurança a quem vive aqui e também a quem visita”.
“O Algarve é uma expressão ainda mais negativa do que aquilo que tem sido o resultado da gestão socialista, nós hoje temos um rescaldo de oito anos de Governo do Partido Socialista que nos aponta para o empobrecimento do país. Dentro desse empobrecimento, infelizmente para os algarvios, e também para o país, esta região tem problemas estruturais ainda mais graves do que aquilo que acontece de uma forma geral”, lamentou o presidente do PSD.
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