Em declarações à Lusa, o primeiro vice-presidente da bancada do PSD e ex-bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerou ser importante, numa altura de mudança de Governo, que se faça “um ponto de situação do estado da saúde em Portugal”.
“Nomeadamente do Serviço Nacional de Saúde (SNS), para que não existam quaisquer dúvidas sobre aquilo que temos e o que vamos ter no final de 2025”, explicou, dizendo que neste debate “ainda interessa o que o PS fez”.
Miguel Guimarães considerou ser fundamental debater a forma “como o PS deixou o SNS, seja no acesso a médico de família, seja no acesso a cuidados hospitalares, seja no financiamento”.
“Em 2023, os cidadãos já financiavam a sua própria saúde em 35% do volume global, é muito mais do dobro da média da União Europeia”, salientou.
O deputado referiu que, neste momento, “o maior prestador de cuidados de saúde em Portugal já não é o SNS”, contando com a verba de 8 mil milhões de euros transferidos do Orçamento do Estado para pagar serviços ao setor social e privado.
“O que é que aconteceu nos últimos anos na prática? Nunca gastámos tanto em saúde, seja do dinheiro direto das pessoas, seja do Orçamento do Estado. Agora, o PS não foi competente a gerir este dinheiro, o PS não melhorou a capacidade de resposta do SNS”, criticou.
Mesmo sem a presença da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, o deputado do PSD espera que o debate possa dar contributos – das várias bancadas – para o plano de emergência que o Governo se comprometeu a apresentar para o SNS até ao próximo dia 02 de junho e para a reforma do setor da saúde a mais longo prazo.
“Nós queremos um SNS como peça central da saúde em Portugal, temos é de ter um serviço de saúde verdadeiramente mais moderno com novo modelo de gestão”, disse, considerando que o atual modelo “impede a evolução e eficiência do próprio SNS”.
Um SNS com “uma cooperação mais próxima e temporalmente mais estendida com o setor social e privado”, uma Lei de Bases da Saúde mais flexível, um grande investimento em equipamentos e inovação e uma verdadeira avaliação dos modelos das Unidades Locais de Saúde (ULS) são algumas das sugestões deixadas pelo vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, que deixa espaço para as restantes bancadas também apresentarem ideias.
“É um debate importante e que pode servir à própria ministra da Saúde para ver quais são as sugestões que os vários partidos vão deixando para ajustar o plano de emergência que tem previsto”, disse, acrescentando que até “o PS pode ter uma visão diferente daquela que tinha”, dizendo que tal aconteceu em áreas como as portagens ou os impostos.
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