Questionado pelos jornalistas à margem da apresentação dos seus mandatários da juventude, que decorreu em Caxias (Lisboa), Luís Montenegro recusou ainda o desafio lançado por André Ventura para uma conversa sobre um “movimento de convergência à direita”.

“Eu sei que se está a referir a uma carta que estará em trânsito para as minhas mãos e a minha resposta é simples e objetiva: Não, não vou fazer isso, vou concentrar-me em dar uma alternativa política ao PS, é a oposição ao PS e a construção de uma alternativa ao PS que são a minha motivação nesta campanha”.

Para concretizar a sua resposta, Montenegro apontou ao Governo o falhanço da promessa eleitoral de dar médico de família a todos os portugueses e acusou o executivo de “fazer de conta” que não há um problema com o aumento da inflação, crítica que estendeu ao ex-ministro das Finanças Mário Centeno.

Luís Montenegro: "O maior cúmplice do Dr. André Ventura é o Dr. António Costa"
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“Este problema está a fazer encarecer a aquisição de tudo o que é essencial na vida dos portugueses e temos um governador do Banco de Portugal que está a dizer ao país 'aguentem, aguentem, que isto é provisório, aguentem, sofram que nós não temos solução para isto', a não ser o tempo, deixar que o tempo resolva os problemas”, criticou.

O antigo líder parlamentar do PSD disse também ainda não ter sido contactado pelo presidente Rui Rio para uma conversa sobre os projetos de revisão eleitoral e da Constituição que a atual direção tem prontos, mas que já assumiu que só irá entregar no parlamento depois de uma conversa com os dois candidatos à liderança.

Depois de nos Açores ter pedido “bom senso” à atual direção do partido e do grupo parlamentar, Luís Montenegro foi hoje mais claro.

“Eu diria que bom senso é um conceito que toda a gente consegue interpretar e também espero que os deputados, a direção do PSD a saibam interpretar. Mas não fujo à questão: se o PSD fez um trabalho para ter dois projetos um de alteração à lei eleitoral e à Constituição e esse trabalho está feito, nós só podemos agradecer a quem o fez e esperar que o próximo líder e a sua direção façam com ele o que entenderem nos próximos anos”, afirmou.

Montenegro disse ainda não conhecer os projetos, mas manifestou a sua disponibilidade para alterar quer a lei eleitoral e a Constituição.

“Só não há alteração à lei eleitoral e à Constituição há muitos anos porque o PS não quer”, acusou.

No dia em que o PSD celebra o seu 48.º aniversário, Luís Montenegro considerou que a melhor forma de assinalar a data seria com a apresentação dos seus mandatários da juventude.

Como mandatário nacional para a juventude, o candidato anunciou João Pedro Luís, de 20 anos, e que foi cabeça de lista do partido pelo círculo de Portalegre nas últimas legislativas, também para demonstrar que “o PSD vai a todo o lado”, mesmo ao distrito que elege menos deputados.

Na sua breve intervenção, ao ar livre e com o forte de Caxias por trás, Luís Montenegro anunciou ter, simbolicamente, assinado hoje 48 fichas de 48 jovens que se tornaram militantes do PSD.

“Que melhor forma de evocar estes 48 anos do que olhar para quem vai construir a história do partido nos próximos 48 anos”, disse.

Sem nunca se referir ao nome do seu adversário interno, Montenegro deixou um aparente ‘recado’ a Jorge Moreira da Silva.

“Não podemos ter apenas discussões teóricas, elaborar e ler relatórios e debitar as suas conclusões. Isso todos sabemos fazer, vocês que são estudantes fazem isso todos os dias, temos de transformar isso em propostas políticas concretas que cheguem à vida das pessoas”, disse.

As eleições diretas no PSD realizam-se em 28 de maio e são candidatos anunciados à sucessão de Rui Rio o antigo líder parlamentar Luís Montenegro e o antigo vice-presidente e ministro do Ambiente Jorge Moreira da Silva.