“O dr. Rui Rio é líder legitimo do PSD, o PSD não está em processo de vacatura, é líder da oposição até ao último dia. Disseram-me que o dr. Rui Rio tinha interesse em conversar comigo e com o dr. Luís Montenegro sobre isso, mas nem tinha obrigação, é um ato de cortesia que agradeço”, afirmou Moreira da Silva, à entrada para uma iniciativa de campanha interna no Lumiar (em Lisboa), questionado pelos jornalistas.

A bancada do PSD discutiu hoje os seus projetos de revisão da lei eleitoral e da Constituição, mas não irá entregá-los de imediato no parlamento, com o líder parlamentar social-democrata, Paulo Mota Pinto, a comprometer-se a não avançar antes de ouvir a opinião de Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva - os dois candidatos à sucessão de Rui Rio - sobre o tema.

Questionado sobre os diplomas do PSD, o antigo vice-presidente do partido admitiu não conhecer os documentos em detalhe - sobretudo o de revisão constitucional, sobre o qual não se quis pronunciar -, mas salientou que “existe um consenso alargado no partido” sobre a revisão das leis eleitorais.

Jorge Moreira da Silva: "Se perder estas eleições no PSD, vou ter de procurar emprego"
Jorge Moreira da Silva: "Se perder estas eleições no PSD, vou ter de procurar emprego"
Ver artigo

“Não percamos muito tempo com questões de processo quando nesta matéria o PSD tem uma grande convergência”, defendeu.

Moreira da Silva saudou que a atual direção já tenha “um documento sólido” sobre esta matéria, assegurando que, se for eleito líder do PSD, o aproveitará como base de trabalho, embora dizendo querer ir mais longe na reforma do sistema político.

Questionado se não estranha o ‘timing’ da discussão destes projetos - a menos de um mês das eleições diretas no partido -, o candidato reiterou que esta é uma matéria “que une o PSD”.

“Se o PSD toma a dianteira em matérias como esta, ainda que possamos ter algumas diferenças, eu vejo como vantajoso”, frisou.

O antigo ministro do Ambiente comprometeu-se a, se for eleito, “analisar em detalhe” o processo de revisão da lei eleitoral do parlamento “e introduzir normas de alteração, aperfeiçoamento”.

“É sempre melhor começar com um documento sólido (…) Se for eleito presidente do PSD, vejo com agrado o facto de o PSD já ter uma base onde poderei trabalhar, sendo que tenho uma visão mais ambiciosa”, disse.

Moreira da Silva disse partilhar com Rui Rio “uma grande preocupação com a descrença na política e a desconfiança que as pessoas têm em relação aos partidos” e, entre os aspetos em que quer ir mais longe na reforma do sistema político, apontou o reforço da transparência e do combate à corrupção ou a avaliação custo-benefício das políticas públicas por entidades independentes.

As eleições diretas no PSD realizam-se em 28 de maio e são candidatos anunciados à presidência do PSD Jorge Moreira da Silva e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro.