“Vivemos um momento histórico: os militantes do PSD têm na sua mão o poder de, ao mesmo tempo que elegem o seu líder, escolher o próximo primeiro-ministro de Portugal”, sublinha o eurodeputado.
Um dia depois de a direção de Rui Rio ter escrito aos militantes com um novo apelo à reflexão sobre a realização de eleições diretas neste momento de crise política - considerando-as “totalmente desajustadas” -, Rangel defendeu o contrário.
“O PSD tem de honrar a sua tradição democrática e plural, tem de olhar para as eleições internas como um momento para debater o país e preparar as legislativas. Não precisamos de ‘suspender’ a democracia para ganharmos as legislativas”, considerou.
Pelo contrário, defendeu, é necessário que “o novo líder do PSD esteja legitimado pelos militantes e com o mandato para disputar de igual para igual e em plena força as eleições gerais, tornando-se no chefe do Governo” do país.
As diretas no PSD estão marcadas para 04 de dezembro e, no próximo sábado, vai reunir-se o Conselho Nacional do partido, em Aveiro, para analisar a situação política e um pedido de antecipação do Congresso por parte de dirigentes distritais e conselheiros (na maioria apoiantes de Rangel) de janeiro para entre 17 e 19 de dezembro.
Rio tem-se manifestado contra a realização das diretas face à proximidade das legislativas - cuja data ainda não está marcada -, mas ainda não esclareceu se irá avançar com uma nova proposta formal de adiamento, depois de o Conselho Nacional ter rejeitado essa ideia na última reunião em outubro, ainda antes do ‘chumbo’ do Orçamento do Estado.
Na carta aos militantes, Rangel volta a atribuir ao PS e a António Costa a “responsabilidade exclusiva” pela realização de eleições antecipadas, na sequência da reprovação do Orçamento.
“A antecipação de eleições põe todas atenções na alternativa do PSD e nas soluções que formos capazes de propor para relançar Portugal”, frisou, reiterando que a sua candidatura “é a única que reúne todas as condições para unir o PSD, para o fazer crescer e para o fazer vencer as próximas eleições legislativas”.
O eurodeputado - que já disse que ambiciona uma maioria absoluta do PSD - reiterou que pretende dar ao país “uma solução de governo estável e reformista”, liderando todo “o espaço não socialista”.
“Recusamos quaisquer acordos com a direita radical; não vemos nem futuro nem viabilidade no Bloco Central de partidos e de interesses”, acentuou.
Tal como referiu na apresentação pública da sua candidatura, Rangel recorda aos militantes que a sua grande prioridade será a mobilidade social e “dar de novo a cada português a oportunidade de ‘subir na vida’”.
“Vamos romper com os erros dos governos socialistas, que nos condenaram a 20 anos de estagnação, arrastando-nos para a cauda da Europa”, referiu, na missiva.
Na segunda-feira, a Comissão Permanente do PSD - núcleo duro da direção de Rui Rio - enviou uma carta aos militantes do partido onde considera que a “antecipação das eleições internas” é “totalmente desajustada”, defendendo que o PSD deve estar “unido” no combate aos “verdadeiros adversários”.
Segundo este órgão, a decisão de realizar diretas em 04 de dezembro - num calendário que tinha sido proposto inicialmente pela própria direção, antes de Rio propor a sua suspensão - foi feita contra a sua opinião perante a possibilidade de um cenário de crise política e, por isso, propôs que se esperasse pelo fim da votação do Orçamento do Estado para, depois, se marcar a data das eleições internas.
“A verdade é que a Assembleia da República vai mesmo ser dissolvida e, por consequência, haverá em breve eleições legislativas antecipadas”, indica a carta.
Endereçando-se aos militantes na “qualidade de primeiros responsáveis pela condução política do partido”, a Comissão Permanente afirma que enviou a “reflexão” para que os militantes do partido possam “pensar sobre este importantíssimo momento que o país e o PSD estão a viver”.
Na sexta-feira, em entrevista à SIC, Rui Rio já tinha reiterado o apelo ao partido que “pondere se vale a pena ir para uma disputa interna”, e “desatar aos tiros uns aos outros” quando o PS já está em campanha para as legislativas.
“Eu acho que não pode haver eleições internas em qualquer partido, mas o que me interessa é o principal partido da oposição, que tem de construir uma alternativa para o país, e anda a ver quem vota neste e quem vota naquele e, entretanto, o PS começou a campanha eleitoral ontem”, afirmou.
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