No primeiro debate sobre política geral da legislatura, a intervenção do líder parlamentar do PSD, Paulo Mota Pinto, centrou-se na saúde e nos encerramentos de várias urgências de obstetrícia nos últimos dias.

“Considera aceitáveis estas falhas de cobertura como se fosse um serviço de saúde de país do terceiro mundo? Assume a responsabilidade por essas deficiências?”, perguntou Paulo Mota Pinto.

“Obviamente que não considero aceitáveis estas falhas de serviço”, respondeu António Costa.

Ao desafio para substituir Marta Temido na pasta, Costa respondeu que “a responsabilidade política por tudo o que ocorre no Governo é obviamente do primeiro-ministro”.

“Respeito a opinião de todos, dos que nunca foram membros do Governo e dos que foram. Até prova em contrário, só há uma pessoa que escolhe os membros do Governo e neste momento sou eu, e eu assumo a responsabilidade por tudo o que fazem os membros do Governo que escolhi”, disse.

Ventura questiona PM se mantém confiança em Temido, Costa diz que avalia governantes “pelo trabalho"

O presidente do Chega, André Ventura, questionou hoje o primeiro-ministro sobre a continuidade de Marta Temido no cargo de ministra da Saúde, com Costa a responder que avalia os membros do governo pelo trabalho que realizam.

No primeiro debate sobre política geral da legislatura, na Assembleia da República, o deputado do partido de extrema-direita considerou que a situação que se tem vivido nos hospitais com os constrangimentos na urgências de ginecologia e obstetrícia de vários pontos do país "é o resultado do desastre" da gestão do executivo e apontou "as urgências paradas e as viaturas de emergência paradas".

"A ideia de que isto é tudo culpa do covid, que é culpa do Passos Coelho, que é culpa do Cavaco Silva, que é culpa da guerra ou do Putin não lhe fica muito bem", criticou, apontando que a "mortalidade não covid subiu 30% em junho".

"Vou-lhe perguntar se pode manter confiança nesta ministra da Saúde quando a saúde está um caos e o senhor primeiro-ministro mais não faz que falar de história aos portugueses", afirmou.

André Ventura questionou ainda, repetidas vezes, o primeiro-ministro, se viu na sexta-feira o debate de urgência requerido pelo Chega sobre os problemas nos hospitais, considerando que a ministra da Saúde, "chamada a dar respostas a este parlamento, não disse absolutamente nada".

Numa primeira resposta, o primeiro-ministro acabou por não responder a Ventura, alegando que o deputado do Chega "repetiu a pergunta" feita momentos antes pelo líder parlamentar do PSD e que "seria indelicado para com a câmara estar a consumir tempo para voltar a dar a repetir a resposta" que deu a Paulo Mota Pinto, nomeadamente que "só há uma pessoa que escolhe os membros do Governo" e que assume a responsabilidade "por tudo o que fazem os membros do Governo" por si escolhidos.

Depois, perante a insistência do deputado do Chega que queria saber se o primeiro-ministro "ficou satisfeito com as respostas" dadas por Marta Temido, Costa respondeu: "Eu não convido os membros do Governo para os avaliar em função do que eles respondem à Assembleia da República, mas pelo trabalho que realizam".

A interpelação do Chega ao primeiro-ministro ficou marcada por momentos tensos em que os dois iam trocando intervenções de pouco segundos cada.

Depois de André Ventura ter perguntado várias vezes ao primeiro-ministro se viu o debate, António Costa respondeu negativamente.

"Se não estivesse tão exaltado e tão preocupado em abrir os telejornais e naqueles números que adora fazer para as televisões, teria reparado que na sexta-feira passada estive todo o dia a ouvir os diferentes grupos parlamentares, incluindo o seu, sobre a questão da adesão da Ucrânia [à União Europeia]. E não tenho o dom de estar a falar simultaneamente com as pessoas, a ouvir as pessoas, e a seguir os debates parlamentares através da televisão", justificou.

As intervenções de poucos segundos com insistências de Ventura e respostas cirúrgicas do primeiro-ministro repetiram-se em relação a outros temas e no final da sua intervenção, o líder do Chega acusou António Costa de um "brutal desrespeito" pelo parlamento e de a maioria absoluta do PS se ter "tornado numa prepotência absoluta".

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