Numa intervenção perante o 41.º Congresso do PSD, Castro Almeida – que foi vice-presidente do anterior líder Rui Rio, mas abandonou o cargo ao fim de pouco mais de um ano por divergências internas -, deixou vários desafios ao presidente do PSD.
“Precisamos de uma coligação pré-eleitoral a que devemos juntar cidadãos independentes de grande relevo para mostrar ao país como o PSD é um partido abrangente, agregador”, defendeu, sem precisar com que partidos deve ser essa aliança.
Castro Almeida pediu ao PSD “particular cuidado na escolha de deputados”, que têm de ter credibilidade, foco em poucas bandeiras eleitorais e ao líder que “seja firme na denúncia de oito anos de desgoverno socialista”.
“Sobretudo, seja firme a denunciar os riscos da imaturidade politica: há um ministro que teve de deixar o Governo pela porta dos fundos pela sua imaturidade política e é ele que quer voltar pela porta da frente, quando não merece sequer entrar pela porta do lado”, disse, referindo-se implicitamente a Pedro Nuno Santos.
O antigo autarca de São João da Madeira – de onde é natural o candidato à liderança do PS - defendeu que a única mudança política nas próximas eleições “é para o centro” e não “da esquerda para a máxima esquerda ou esquerda radical”.
“Os portugueses que acharem que a esquerda socialista está bem, votem no candidato do PS. Os que querem a mudança, só têm um nome, Luís Montenegro, a não ser que se queiram contentar em escolher deputados e ser irrelevante na escolha do primeiro-ministro”, disse.
Antes, o antigo deputado Cristóvão Norte foi o primeiro a entusiasmar a sala do Congresso após a paragem de almoço, com o alerta de que está a tentar “lançar o medo” sobre os portugueses, em áreas como as pensões, os salários ou a saúde.
“Não tenhamos medo, tenhamos orgulho, nós estamos à altura. Temos de dar ao Luís Montenegro e ao PSD não uma maioria de circunstância que nos transforme num Governo de turno, mas uma maioria ampla, forte”, disse, deixando até um caderno de encargos ao presidente do PSD em áreas como a saúde e educação, mas também em matéria de ética.
“Um Governo que faça exatamente o oposto do que o governo do PS tem feito: um Governo que fale verdade”, apelou.
O coordenador do Movimento Acreditar, Pedro Reis, também considerou que o país “está colocado perante uma escolha tão importante, como clara”.
“Não vale a pena complicar, de um lado temos uma viragem para a esquerda radical, do outro lado um PSD forte a liderar uma aliança renovada”.
O antigo deputado Luís Mendes apelou, tal como Castro Almeida, que não sejam feitas promessas que não se podem cumprir e deixou um conselho.
“Não é impossível a direita governar sem o apoio de partidos radicais”, disse, apontando o exemplo da Madeira – em que o PSD fez um acordo parlamentar com o PAN – para ilustrar que “é possível ganhar sem extremismos”.
Em contra corrente com o tom de unidade, o antigo deputado e atual conselheiro André Pardal criticou que o líder do PSD já se tenha comprometido a tentar voltar a criminalizar o enriquecimento ilícito, considerando que “não é com medidas demagógicas e populistas” que se credibiliza o setor da justiça e os sociais-democratas se distinguem dos parceiros à direita.
“Do PSD espera-se uma vitória inequívoca das eleições 10 de março, só isso nos deve congregar”, disse, salientando que este é o período mais longo em que o partido está afastado da governação desde a fundação, mais de oito anos.
O PSD realiza hoje, em Almada (distrito de Setúbal), o seu 41.º Congresso, que foi convocado com o objetivo principal de rever os estatutos, mas que a crise política transformou num pontapé de saída para a campanha eleitoral para as legislativas antecipadas.
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