Estas posições sobre o processo de vacinação contra a covid-19 no parlamento constam de uma carta hoje enviada pelo líder parlamentar social-democrata, Adão Silva, ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, à qual à agência Lusa teve acesso.
"Em nome da transparência e do respeito que devemos a nós próprios e a todos os portugueses, deixo duas propostas de trabalho: Primeira, que a lista que, precipitadamente, foi enviada [na sexta-feira] para o senhor primeiro-ministro [António Costa], seja, de imediato anulada", escreveu Adão Silva.
Na sexta-feira, o presidente da Assembleia da República enviou ao primeiro-ministro uma carta com os nomes dos 50 deputados que deveriam integrar a lista de vacinação prioritária no parlamento, mas, no dia seguinte, no sábado, quase duas dezenas desses 50 deputados comunicaram que se recusavam a ser vacinados já esta semana.
Na carta que dirigiu a Ferro Rodrigues, o presidente do Grupo Parlamentar do PSD defendeu depois que, para a sua bancada, é evidente que "o presidente da Assembleia da República deve ser vacinado tão prontamente quanto possível".
Como segunda proposta de trabalho, Adão Silva adiantou a Ferro Rodrigues que a bancada social-democrata "fica desde já disponível para, em consenso com os outros grupos parlamentares e de forma ponderada, elaborar uma lista minimalista de deputados que possam vir a ser vacinados nos próximos tempos, sempre em respeito escrupuloso com a expressão de vontade de cada um".
Nesta mesma carta destinada a Ferro Rodrigues, o presidente do Grupo Parlamentar do PSD criticou também a forma como decorreu o processo que esteve na origem da elaboração de uma lista com 50 deputados a vacinar e que foi enviada ao primeiro-ministro.
"Embora sendo para nós desconhecida a listagem final de cargos e funções que constituiria a base para a lista nominativa de deputados, pelas 17.00 horas do dia 29 janeiro [quinta-feira], o Grupo Parlamentar do PSD informou o gabinete de vossa excelência que não estávamos em condições de enviar os nomes dos deputados que não aceitavam ser vacinados, neste momento. Apesar de tal impossibilidade, vossa excelência decidiu enviar a carta, incluindo nela nomes que, publicamente, já se sabia que não queriam ser vacinados, neste momento, e outros que, apenas durante a manhã do dia 30 [sábado], referiram a sua indisponibilidade", aponta Adão Silva.
Confrontado com esta situação, o presidente do Grupo Parlamentar do PSD disse ter enviado para o gabinete de Ferro Rodrigues, no sábado de manhã, uma lista "com os nomes que deviam ser excluídos".
"Vem vossa excelência [Ferro Rodrigues] dizer publicamente que tal facto o surpreendeu muito negativamente. Imagine como ficaram negativamente surpreendidos os deputados do Grupo Parlamentar do PSD que, não querendo agora ser vacinados, constavam naquela lista", contrapôs Adão Silva.
Na carta, o líder parlamentar do PSD foi ainda mais longe nas suas críticas à atuação do presidente da Assembleia da República.
"Imagine ainda como eu, presidente do Grupo Parlamentar [do PSD], fiquei negativamente surpreendido, tanto com o envio da referida lista, como com o teor de um sms que vossa excelência enviou ao deputado [social-democrata] Luís Marques Guedes, que este fez circular pelos deputados do PSD, no qual se referia, sem mais, que o Grupo Parlamentar do PSD não tinha mandado lista nenhuma. Sabe-se agora que também o Grupo Parlamentar do Partido Socialista discorda da lista enviada", acrescentou Adão Silva.
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