“É a primeira vez no PSD em que há uma segunda volta. Pelas regras antigas, isto estava arrumadíssimo. Mas comigo nada é fácil”, observou Rui Rio, ainda líder social-democrata, em declarações aos jornalistas e militantes num hotel do Porto.
Rio começou por “agradecer a vitória expressiva”, que o deixou a “0,56% de conseguir a maioria absoluta”, recusou o desafio de Montenegro para um debate e garantiu não ter negociado “um único lugar” em troca de votos, assegurando que "assim vai ser na segunda volta".
“Quem votou em mim, votou por convicção. Não negociei um único lugar. Não disse a ninguém: arranja lá os teus votos que te dou o lugar assim ou assado. Ninguém votou no seu interesse pessoal. E assim será na segunda volta”, frisou.
Rio lembrou que, a par de priorizar o combate do partido nas autárquicas de 2021, e de uma oposição construtiva, pretende abrir o PSD à sociedade, porque “não se podem restringir a ser quase exclusivamente a uma agência de distribuição de lugares”.
“O que isto dá é que as pessoas zangam-se todas por lugares. Temos de abrir o partido para debater ideias e deixar os lugares um bocadinho mais para lá”, defendeu.
“Todos os que me apoiaram há dois anos [data das eleições diretas que disputou com Pedro Santana Lopes] e agora não apoiam é por causa do seu lugar ou do lugar do seu amigo”, alertou.
Rui Rio foi o mais votado nas eleições para a liderança do PSD, com 49,44%, e vai disputar uma segunda volta com Luís Montenegro, que teve 41,26%, anunciou hoje o Conselho de Jurisdição Nacional dos sociais-democratas.
Questionado pelos jornalistas, Rio recusou que a vitória tenha tido sabor a derrota por obrigar a uma segunda volta.
“Obviamente que, com um resultado tão expressivo, posso somar mais uma vitória ao meu currículo”, observou, lembrando que a sua única derrota na política foram os resultados das eleições legislativas de outubro.
Rio notou ainda que os 0,56% que o distanciaram de Montenegro nas eleições de hoje são "mais ou menos o que o primeiro-ministro disse dos 500 milhões”, numa referência ao debate sobre o Orçamento de Estado.
Quanto à forma como pretende conquistar os votos do terceiro candidato, Miguel Pinto Luz, o social-democrata disse serem “muito pouquinhos” e prometeu continuar a afirmar as suas ideias.
“O voto é livre. Eu não sou dono da consciência de ninguém. O que peço é que o voto seja completamente livre, que cada um pense pela sua cabeça”.
O social-democrata quis ainda afirmar diferença em relação ao discurso de Luís Montenegro: “Eu, depois de ganhar, não conto com Miguel Pinto Luz e seus apoiantes. Eu, depois de ganhar conto com Miguel Pinto Luz e com Luís Montenegro e seus apoiantes. Conto com todos”, frisou.
Quanto ao desafio de Montenegro para um debate, Rio recusa, por ter participado num que “não foi nada prestigiante para o PSD”.
“Não gostei, não vou repetir. Não beneficia o PSD e não serve para esclarecer os militantes”, afirmou, observando que “o partido esteve desunido nestes dois anos por causa dos obstáculos” que lhe criaram.
Rio afirmou estar nesta disputa por querer colocar “Portugal e o PSD ao centro”, pois “esse é o espaço da social-democracia”.
Destacou ainda que se deve estar “na vida pública colocando interesses de Portugal em primeiro lugar”.
“Estou aqui por Portugal e quero fazer do PSD instrumento eficaz para servir Portugal”, sustentou.
A segunda volta realiza-se dentro de uma semana, dia 18, entre os dois candidatos mais votados.
O 38.º Congresso do PSD está marcado para 07, 08 e 09 de fevereiro, em Viana do Castelo.
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