“Aquilo que encontramos é uma situação desoladora, de pessoas que estão a dormir num ginásio, com as condições que tem um ginásio, com ninhos de pássaros no topo do ginásio, crianças com asma, crianças que, mesmo assim, estão a conseguir ir à escola”, declarou à Lusa o líder de bancada do PSD na Assembleia Municipal de Loures, Ricardo Andrade, no âmbito de uma visita às famílias desalojadas, que se encontram abrigadas no quartel dos Bombeiros Voluntários de Sacavém.

Em causa está o apoio a 14 famílias, constituídas por 37 pessoas - 20 adultos e 17 menores -, depois de o antigo paiol, junto à Quinta do Mocho, ter sido atingido por um incêndio, em 19 de maio.

De acordo com Ricardo Andrade, a visita aos desalojados, por parte dos deputados municipais do PSD no concelho de Loures, acompanhados de autarcas sociais-democratas da União Freguesia de Sacavém e Prior Velho, pretendeu estabelecer “um contacto direto” com as pessoas afetadas pelo incêndio e recolher informações sobre a situação, nomeadamente o número certo de famílias desalojadas e o que foi feito pela Câmara Municipal de Loures (distrito de Lisboa).

“No fundo, era fazer um diagnóstico não apenas daquilo que se passou como daquilo que estava anterior a esta situação, para depois podermos fazer um rol de questões às entidades competentes, nomeadamente à Câmara Municipal e ao Governo”, afirmou o líder do PSD na Assembleia Municipal de Loures.

Os sociais-democratas vão “solicitar já hoje, através de requerimento à Câmara Municipal, os dados” sobre o problema das famílias do antigo paiol.

Apesar de reconhecer que o abrigo das famílias desalojadas “é uma situação temporária”, os deputados municipais do PSD em Loures assumem como “grande preocupação” a procura por “soluções que não sejam apenas temporárias, que sejam permanentes".

“Porque dizer a estas pessoas que se está a falar com o Ministério da Defesa para ver se arranja um lugar num quartel, ou numa coisa assim, não é para nós solução”, apontou Ricardo Andrade.

Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (PCP), propôs como solução provisória o acolhimento das famílias desalojadas em instalações militares desativadas e, posteriormente, um apoio suplementar no arrendamento, no âmbito de um encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que recebeu também alguns dos desalojados.

Questionado sobre qual a solução de realojamento defendida pelo PSD em Loures, o líder de bancada disse que “ainda é prematuro” avançar com uma proposta, uma vez que os deputados municipais ainda não dispõem dos dados da Câmara Municipal e do Governo.

“Agora há uma coisa que não é solução, não é solução fazer ‘show-off’ desta questão e não solução levar as pessoas a serem ouvidas por quem não tem competência para resolver o problema”, criticou Ricardo Andrade, numa alusão ao encontro com o Presidente da República.

Na perspetiva do PSD em Loures, “a solução passa sempre por ouvir as entidades competentes e procurar soluções junto das entidades competentes”.

“É tentar o maior número de sinergias possível para que estas pessoas tenham o seu problema resolvido rapidamente”, reforçou o líder dos sociais-democratas em Loures, lembrando que a Empordef, empresa proprietária do antigo paiol, manifestou disponibilidade para ajudar.

Sobre a visita aos desalojados, Ricardo Andrade frisou que se tratou de “uma visita de auscultação” para que se possa “tomar decisões responsáveis, porque é isso que estas pessoas precisam, decisões responsáveis e não de ‘show-off’”.

“Viemos cá para os ouvir, vamos tentar ajudar, só assumimos qualquer tipo de compromisso quando tivermos a especialidade dos dados na nossa posse”, concluiu.