“A TAP cresceu brutalmente nos últimos tempos e crescer é ter bons resultados à conta da Madeira”, afirmou o parlamentar social-democrata, no início dos trabalhos da Assembleia da Madeira.
Estando agendada para a tarde de hoje uma audição parlamentar com o presidente da TAP, Antonoaldo Neves, Gualberto Fernandes considerou que esta deve ser uma ocasião “para demonstrar a indignação pelo arrastar” da revisão do processo do subsídio social de mobilidade.
O deputado recordou que no pós 25 de Abril, devido às frequentes greves da TAP, utilizando a sigla da transportadora, os estudantes da Madeira na altura diziam “Take Another Plane” [apanhem outro avião], complementando: “Não queremos outro avião, nem de deixar de viajar na TAP, mas que a companhia e o Governo da República respeitem a continuidade territorial”.
No entender do parlamentar social-democrata regional, a “TAP continua a gozar e a tramar os madeirenses”, uma situação que a região “não pode continuar a tolerar".
No parlamento regional foi hoje discutido um voto de protesto da autoria da maioria do PSD contra “a atitude discriminatória da TAP com o destino Madeira e o abandono deliberado de passageiros residentes e turistas”.
“Porque é que o primeiro-ministro quis metade do capital da TAP?”, questionou o deputado do PSD/Madeira Miguel de Sousa, argumentando que a companhia “mostra desprezo pela qualidade de serviço que presta à região”.
Os partidos da oposição, em uníssono, partilharam das críticas à TAP, tendo o líder parlamentar do CDS, Lopes da Fonseca, antecipado que o responsável da TAP “vai ser muito pragmático”, “vai ter de dizer qual o preço médio” das viagens e “quais os intuitos da companhia para com a região”.
“Não precisava trazer uma equipa de sete comandantes e comunicação social próxima, porque só queremos saber se vai rever esta postura de prejuízo para a Madeira”, vincou.
Carlos Costa (JPP) afirmou que “a gestão privada da TAP apenas serve interesses privados da empresa”.
O deputado do PCP Ricardo Lume considerou que “caiu a máscara” nesta matéria e censurou as justificações para os cancelamentos de voos com alegadas razões operacionais por parte da companhia aérea, quando, acusou, esta “desvia os aviões para rotas mais rentáveis”.
Roberto Almada (BE) “repudiou as declarações ofensivas da TAP, porque os madeirenses pagam verdadeiras fortunas para viagens que são tudo menos módicas”.
Mas, no seu entender, “a responsabilidade é de quem criou a liberalização”, apontando que o PSD “deve reconhecer o falhanço” deste processo.
O líder da bancada do PS, Victor Freitas, admitiu “o falso serviço prestado pela TAP", considerando que "os sucessivos cancelamentos por falsas questões operacionais são lamentáveis”.
Contudo, na sua opinião, o que “está a falhar é a falta de concorrência na linha, a necessidade de uma terceira companhia”.
Raquel Coelho (PTP) enfatizou que com o prosseguir do processo de privatização, o Governo do PSD e CDS “abriu uma caixa de Pandora".
O deputado independente (ex-PND), Gil Canha, secundou a opinião, adiantando que o partido da maioria também se devia preocupar com “o monopólio do Grupo Sousa” no transporte de mercadorias, o que faz com que os madeirenses sejam “roubados nos supermercados”.
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