Os ‘posts’ atingem uma audiência de milhões de pessoas em todo o mundo e, apesar de falsos, são usados por Donald Trump e os seus apoiantes como razão para não aceitar a vitória eleitoral do democrata Joe Biden.

“Estas publicações irão provavelmente persistir durante anos ou décadas, infelizmente”, lamentou a especialista em desinformação online e professora na Universidade de Washington Kate Starbird, referindo que “as pessoas estão muito motivadas para participar e acreditar” nas falsas alegações sobre o processo eleitoral.

Além de não existirem provas de quaisquer fraudes generalizadas na eleição deste ano, os delegados eleitorais de ambos os partidos afirmaram publicamente que a votação correu bem e os observadores internacionais confirmaram a inexistência de irregularidades.

No entanto, Donald Trump, que instigou durante meses os seus apoiantes a duvidar do resultado das eleições com publicações falsas sobre boletins de voto “lançados a rios” e ‘tweets’ não fundamentados sobre uma “eleição falseada”, prossegue o seu ataque ao desfecho das eleições, com mais de 40 publicações no Facebook e no Twitter desde o encerramento das urnas.

“Esta foi uma eleição roubada”, escreveu no domingo, no Twitter, um dia após Joe Biden ser declarado vencedor.

Os apoiantes de Trump não se coíbem de dar eco às queixas do Presidente nas redes sociais.

As publicações e republicações no Twitter sobre as eleições com termos como “roubo”, “fraude”, “falseado” e “morto” dispararam mais de 2.800% entre 02 e 06 de novembro, segundo uma análise da VineSight, uma empresa tecnológica que pesquisa desinformação online e detetou mais de 1,6 milhões de ‘retweets’ com algumas dessas palavras, só na última sexta-feira.

As falsas alegações dispararam na última semana e vão desde dissertações sobre boletins que foram atirados fora até a uma publicação imprecisa de Eric Trump, que alegava que o número de boletins de voto colocados no Wisconsin excedia o número de eleitores registados.

Nos últimos dias, figuras proeminentes do partido Republicano e apoiantes de Donald Trump asseguraram nas redes sociais que centenas de milhar de pessoas mortas votaram em Estados decisivos como a Pensilvânia ou o Michigan.

Um ‘tweet’, partilhado mais de 50 mil vezes, garantia que uma mulher morta, Donna Bridges, teria votado na eleição, mas a Associated Press conseguiu falar ao telefone com a suposta defunta, que confirmou estar viva.

Entre o dia da eleição e segunda-feira, foram feitas cerca de cinco milhões de menções sobre fraude nas votações e “Stop the Steal” (Parem o Roubo) em redes sociais e sites de notícias online, a maioria das quais focadas em Estados como a Pensilvânia, Georgia e Michigan, de acordo com uma análise de uma empresa especializada.

As redes sociais tradicionais, como o Facebook, o Twitter e o Youtube têm-se esforçado por apagar e denunciar as publicações falsas, o que está a levar muitos utilizadores para sites alternativos como o Parler.

O Parler é uma rede social com cerca de oito milhões de utilizadores que se caracteriza por não moderar os conteúdos publicados pelos utilizadores e está a registar um crescimento inusitado nos EUA, tendo sido terça-feira a aplicação mais requisitada na loja ‘App Store’ da Apple.

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