“Não fomos expulsos. A nossa saída foi adiantada por razões de segurança”, começou por contar João, finalista de uma escola na zona de Lisboa e um dos mil estudantes que regressavam esta madrugada a Portugal mais cedo, após terem sido expulsos de uma unidade hoteleira em Espanha devido a vários estragos causados.
João diz que não viu “colchões a voar, nem televisões a arder”. O mesmo diz Mariana, também uma estudante de Lisboa que escolheu Torremolinos, perto de Benalmádena, como destino da sua viagem de finalistas. “O que tem saído nas notícias é um exagero”, disse. Quase em uníssono, os dois finalistas garantiram ao SAPO24 que os comportamentos não foram mais excessivos do que noutras viagens de finalistas, confirmando alguns dos estragos menores noticiados.
Às acusações do hotel - que disse que os estudantes destruíram muita coisa, entre azulejos, colchões atirados pelas janelas, extintores a serem esvaziados nos corredores do hotel e uma televisão dentro de uma banheira - os finalistas contrapõem um grande leque de reclamações. Falam de comida repetitiva, que causou indisposição a vários membros da viagem de finalistas, quartos com baratas e formigas, serviço de hotel “péssimo” - exemplificando com situações como as de os quartos não serem limpos, nem as toalhas e lençóis trocados -, seguranças a entrar nos quartos sem autorização, cortes no serviço de álcool a partir do terceiro dia, quartos sem água quente e atitudes racistas do diretor do hotel, que chamou “animais” e “criminosos” aos portugueses.
“Foi preciso chamar a polícia para podermos escrever no livro de reclamações”
No final, contam, houve vários finalistas a pedir para fazer reclamação por escrito, uma vez que acharam que o pacote pelo qual pagaram (tudo incluído) não estava a ser de maneira nenhuma cumprido. Em resposta viram ora o diretor do hotel rasgar as reclamações diante deles, ora ser-lhes recusada a reclamação. “Foi preciso chamar a polícia para podermos escrever no livro de reclamações”, conta João.
Os dois finalistas dizem ainda que o diretor do hotel, “um autêntico monstro", nas palavras de João, disse ter sido enganado desde o início pela Slide In, agência que organizou a viagem de finalistas para este destino. “O senhor disse que a Slide In lhe disse que nós éramos peregrinos e que íamos fazer peregrinação para Espanha. Que tipo de peregrinos querem bar aberto e sunsets na piscina? Com direito a artistas?”
As contas fazem-se no final e os milhares de euros em danos que a imprensa noticiou traduziram-se num corte nas cauções dos finalistas. “Só trouxe cerca de ⅕ da caução para casa. Ficaram-me com 30 euros e cobraram mais um euro por cada dia de estadia”, conta-nos Mariana. João queixa-se, sobretudo, de os estragos maiores causados por alguns serem pagos por todos e pelo custo ter sido exagerado pelo hotel. Segundo contam, pediram 50 euros por uma cadeira de plástico que foi partida.
O final antecipado acabou por ser recompensado pela própria Slide In que levou os finalistas a passar um dia no parque de diversões Tivoli World. “Seremos eternamente gratos ao Nuno Dias, director da Slide in que fez de tudo para que não fôssemos prejudicados”, afirma João.
“A direção do hotel tornou-a [a viagem] pior, mas devido à fantástica equipa da Slide In, que minimizou todos estes problemas, tivemos a melhor semana de sempre”, corrobora Mariana.
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