“Conseguimos tirar da rua em 2020 quase cerca de 500 pessoas. Se conseguimos isso em 2020, no futuro julgo que vamos inverter uma tendência”, disse Henrique Joaquim que participou via ‘online’ na conferência “Pós-Pandemia, Recuperação e Resiliência do Pilar Social em ano de descentralização de competências” que decorre em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.

O gestor da Estratégia Nacional Para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo lembrou que a “pandemia teve impacto” pois obrigou “a trabalhar em emergência e a criar respostas estruturantes”, destacando que “o foco tem de estar na proximidade”.

“Capitalizar a solicitude da sociedade portuguesa e ajudar a perceber que ajudar uma pessoa em situação de sem-abrigo não é só dar-lhe de comer, é efetivamente tirá-la dessa situação”, disse.

Aproveitando para apelar para que não se use a expressão “sem-abrigo”, mas sim “pessoas em situação de sem-abrigo” porque em causa está a circunstância do momento e não uma característica pessoal, Henrique Joaquim disse que “ajudar uma pessoa em situação de sem-abrigo não é apenas dar-lhe de comer”.

Quanto ao trabalho nesta área, o gestor da Estratégia Nacional Para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo frisou que esse faz-se “com iniciativas continuadas e não pontuais”.

No mesmo painel, um período dedicado às instituições sociais, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, referiu que a pandemia da covid-19 veio demonstrar "que é preciso mudar a organização do envelhecimento".

"É o maior problema da Europa e o maior problema de Portugal. Portugal é o terceiro país mais velho da Europa e dos três é o que envelhece mais depressa. Na pandemia percebemos que o vírus tinha escolhido um alvo e o alvo eram os idosos”, disse.

Manuel Lemos considerou, fazendo até comparações com outros países, que os lares portugueses responderam bem à pandemia porque “não abandonaram ninguém”.

“Vi uma vez uma reportagem na televisão com as funcionarias dos lares a abrir a janela e a pedir ‘ajudem-nos’. E percebi claramente que Portugal é diferente de outros países. Ninguém foi abandonado”, contou, deixando um alerta: “Vamos ter mais coisas destas. Precisamos de nos salvaguardar mais e melhor”.