Emitido em vários canais televisivos, o anúncio em causa, com selo da Direção-Geral da Saúde (DGS), conta com a presença de artistas como HMB, Bárbara Bandeira, Marisa Liz ou Camané, e alerta para os perigos dos ajuntamentos perante a pandemia da Covid-19.
Um dos participantes no anúncio, Carlão, decidiu no entanto fazer um esclarecimento nas suas redes sociais para explicar que o contexto de gravação do vídeo da DGS foi outro que não o que atualmente existe no país.
"Eu e uma série de músicos aparecemos e estamos a dizer que coisas que não se coadunam com o que estamos a passar agora", explica o rapper, indicando que tal “tem uma razão simples de ser, o anúncio foi gravado em junho”, tendo assim “contexto completamente diferente daquele que estamos a viver agora em outubro”.
Recordando que em junho o país atravessou uma fase na qual “se estavam a fazer algumas festas ilegais, onde muitas pessoas apanharam o vírus”, Carlão lamenta agora que a emissão tardia do anúncio possa passar uma imagem errada dos seus participantes e da comunidade artística em geral.
“Nesta publicidade da DGS quase que passamos por bipolares porque, por um lado nos estamos a queixar de não conseguirmos fazer aquilo que queremos fazer, que é dar espetáculos, dar concertos, e, por outro, aparecemos na televisão quase a incutir medo às pessoas, parecendo que somos assim meio chonés. Não somos chonés”, diz o artista.
Apontando que, entretanto, foram criadas soluções para que fossem possível “fazer concertos, ainda que de uma maneira completamente diferente daquela a que estávamos habituados, mas cumprindo as regras de segurança”, Carlão fala de uma “situação meio confusa” que já levou vários dos participantes a “pedir para que a publicidade fosse retirada do ar”.
“Isto está a criar assim um mal-estar entre a comunidade artística, e não só, porque as pessoas estão um bocado à toa, não estão a perceber bem a razão de nós estarmos a dizer aquilo neste momento, e com alguma razão", diz o rapper. À hora de publicação deste artigo, o vídeo já não se encontrava presente nas redes sociais da Direção-Geral da Saúde.
“É uma situação meio complicada. É claro que se aquilo tem saído na altura em que era suposto sair, não estaria aqui agora a dizer-vos isto. E, na altura, ninguém estranharia. Agora sim", completa.
Também Samuel Úria, outro dos músicos que participou, lamentou nas suas redes sociais a situação, explicando que não se trata de “bipolaridade” ou “hipocrisia”, e remetendo as explicações para o vídeo de Carlão.
"Enquanto eu ando aqui a convidar-vos para a minha festa de lançamento do disco novo, o mesmo eu (com o cabelo mais curto, e menos uma ou outra ruga) aparece na televisão a dizer que não estamos em alturas para festas. Nem hipocrisia, nem bipolaridade - o Carlão, que é homem da spoken word, explica", escreveu.
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