Michel Zecler tinha sido acusado pela polícia de resistir à detenção e de os atacar, mas as filmagens agora divulgadas revelam uma história diferente. No vídeo, captado pelas câmeras de segurança do estúdio de música, vê-se a polícia a agredir o produtor. Emmanuel Macron classificou, inclusivamente, as ações como “vergonhosas”.

Os quatro agentes da autoridade, que, entretanto, se encontravam suspensos, foram detidos para interrogatório na sequência da divulgação do vídeo que mostra claramente as agressões. Três dos policias são acusados de "violência deliberada de titular de autoridade pública" e "falso testemunho". Já o polícia responsável por disparar a lata de gás lacrimogéneo foi acusado de “violência deliberada”.

Dois dos policias foram detidos no âmbito das investigações e outros dois foram colocados em regime domiciliário, refere o The Guardian. A detenção dos agentes visa "evitar que os perpetradores comunicassem ou pressionassem as testemunhas".

Numa conferência de imprensa no domingo, o promotor público parisiense, Rémy Heitz, afirmou que os três agentes vistos no vídeo disseram que tinham "entrado em pânico”, mas admitiram que "os seus golpes não eram justificados e que tinham agido principalmente por medo". Negaram, contudo, quaisquer insultos racistas.

Os oficiais disseram ter-se aproximado de Zecler por este não estar a usar máscara e teriam sentido um cheiro forte a canábis vindo da sua bolsa. Depois de revistar o saco, a polícia encontrou apenas 0,5 de canábis, afirmou o promotor.

O caso de violência policial gerou indignação em várias cidades francesas e motivou alguns protestos, levando pessoas para as ruas nos dois últimos fins de semana.

Além da violência policial sobre Michel Zecler, os protestos visam também o novo projeto de lei que limita a liberdade de imprensa sobre a divulgação de imagens – vídeo ou fotografia – que mostrem ação policial “com intenção de causar dano”. A quem não cumprir, está prevista a aplicação de multas de 45 mil euros e penas de prisão que podem chegar a um ano.

O primeiro-ministro, Jean Castex, já prometeu que uma comissão independente irá analisar o artigo 24 com o objetivo de reescrevê-lo. Zecler, que foi detido durante 48 horas, relembrou que sem o vídeo “estaria agora na prisão".

Na sequência das manifestações, no último sábado, as forças de segurança francesas lançaram gás lacrimogéneo depois de serem registados veículos incendiados e vários locais vandalizados.

O fotojornalista sírio Ameer Alhalbi, 24 anos, colaborador da Agence France-Press (AFP) foi ferido pela polícia durante a cobertura da manifestação.

“Toda a nossa solidariedade com Ameer Al Halbi. A violência policial é inaceitável. Ameer veio da Síria para a França para se refugiar, assim como vários outros jornalistas sírios. O país dos direitos humanos não precisa de ameaçá-los, mas protegê-los ”, publicou Christophe Deloir, secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras, na rede social Twitter.

Phil Chetwynd, diretor de notícias da AFP, exigiu que a polícia investigasse o incidente. "Estamos chocados com os ferimentos sofridos pelo nosso colega Ameer Alhalbi e condenamos a violência não provocada", afirmou.

A polícia informou que 81 pessoas foram presas e o ministro do Interior, Gérald Darmanin, afirmou que 98 agentes da polícia foram feridos.

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