"Os PROF consideram prioritária a plantação de eucaliptos em 95% do território continental e apenas não são privilegiados em 5% da área, ou seja, em oito sub-regiões homogéneas do interior de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Baixo Alentejo", disse hoje a associação ambientalista.

Segundo João Branco, em cada PROF "há uma lista de espécies a privilegiar, que depois são as aprovadas quando há pedidos de arborização ou rearborização".

"Acontece que, em 95% do país, o eucalipto é espécie a privilegiar, o que nos deixa muito preocupados, apesar de existir uma lei que condiciona a expansão do eucaliptal, mas que nada nos garante que um dia não seja revogada", explicou.

O dirigente da Quercus salientou que, se um dia aquela lei for revogada, "o que pode perfeitamente acontecer, todo o país fica preparado para receber eucalipto, exceto os 05% do território".

João Branco aponta ainda outro problema: "Os PROF têm de ser vertidos nos Planos Diretores Municipais (PDM), porque a legislação assim o obriga, mas, na prática, vai tirar todo o poder de decisão às Câmaras Municipais na expansão do eucalipto no seu território".

"E mesmo o próprio Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), porque depois como é que vão dar parecer negativo a uma plantação de eucaliptos, se no PROF e no PDM diz que é espécie a privilegiar".

A Quercus, de acordo com João Branco, considera "um exagero que praticamente todos os locais do país fiquem como área em que o eucalipto é área a privilegiar".

A associação ambientalista acrescenta, em comunicado, que os novos PROF, publicados em fevereiro, foram elaborados "com informação desatualizada e utilizaram uma metodologia com critérios desajustados, o que os impede de contribuir para um melhor ordenamento florestal".

A Quercus salienta que, no acompanhamento a algumas comissões de acompanhamento de revisão dos PROF, alertou para "o abuso das propostas que privilegiavam os eucaliptais em muitas regiões de montanha e do interior, onde o eucalipto nem sequer se encontra adaptado em termos edafo-climáticos, dado ter pouca produtividade ou estar mais facilmente sujeito a pragas ou doenças".

"O exemplo da proposta aprovada com eucalipto nas sub-regiões homogéneas da Torre e da Estrela, em área protegida do Parque Natural da Serra da Estrela, revelam a insensatez deste processo de planeamento", refere.

O comunicado refere que, "também na sub-região homogénea Parque Nacional da Peneda-Gerês, o eucalipto é privilegiado no grupo I, enquanto a maioria das espécies folhosas autóctones se encontra no grupo II (menor privilégio), revelando uma aposta na produção de madeira para celulose e não uma floresta diversificada com espécies da nossa floresta".