“Neste momento, estamos a aumentar a cobertura populacional do rastreio, que não atinge ainda toda a população, mas o objetivo é cobrir toda população em 2020”, disse o oncologista.
Nuno Miranda explicou que este “rastreio coloca problemas logísticos complicados, particularmente os exames a realizar a seguir aos rastreios”, as colonoscopias.
O rastreio baseia-se numa pesquisa de sangue oculto e as pessoas cujo exame der positivo devem fazer uma colonoscopia.
“Eu não posso estar a fazer rastreios sem garantir que tenho capacidade para gerir adequadamente os resultados positivos”, disse o coordenador do programa.
Por isso, explicou, é preciso garantir “a capacidade de resposta em termos de colonoscopia em tempo útil” para “tratar adequadamente estas pessoas”.
Se isso não acontecer, vai gerar-se “uma ansiedade nas pessoas de uma maneira completamente desadequada”, afirmou Nuno Miranda.
“O alargamento populacional mais significativo está a decorrer na região Norte, onde está a ir mais depressa”, disse o especialista, explicando que o rastreio é organizado pelos cuidados de saúde primários, através das Administrações Regionais de Saúde (ARS).
A questão da implementação do rastreio de base populacional foi levantada hoje pelo presidente da Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo (Europacolon Portugal), Vítor Neves, que criticou os atrasos da sua execução.
Desde 2010 que o Estado tem vindo a anunciar um rastreio de base populacional ao cancro do intestino, mas Vitor Neves disse à Lusa que “não está a haver vontade política” para avançar, apesar de já estar orçamentado e dos projeto-piloto não terem resolvido o problema.
“Temos conhecimento de que as convocatórias de repetição dos rastreios feitos há dois anos não estão a ser conseguidas e, portanto, não há uma atitude de implementação eficaz do rastreio de base populacional no nosso país”, lamentou o presidente da Europacolon Portugal.
Para o presidente da associação, “a falta de gastrenterologistas, a fraca resposta do Serviço Nacional de Saúde e as assimetrias regionais, traduzem-se no flagelo nacional que é esta doença”.
Todos os anos são diagnosticados mais de sete mil novos casos, existindo cerca de 80 mil doentes ativos, refere a associação, adiantando que metade da população desconhece os sintomas desta doença.
Vítor Neves adiantou que o cancro do intestino mata 12 pessoas por dia em Portugal e que muitas destas mortes podiam ser evitadas se a doença tivesse sido detetada atempadamente.
Segundo o presidente da associação, quando o cancro do intestino é detetado tem uma taxa de cura de 93%.
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