James Ricketson foi detido em julho do ano passado, quando o ‘drone’ (avião não tripulado) que dirigia sobrevoou uma marcha do Partido do Resgate Nacional do Camboja (PRNC), a grande força da oposição dissolvida em novembro do mesmo ano.
Após a breve leitura do acórdão, o australiano de 69 anos regressou à penitenciária de Prey Sar, em Phnom Pen, onde esteve detido nos últimos 14 meses.
Segundo a emissora australiana ABC, o juiz considerou que Ricketson aproveitou a sua “atividade documental” para reunir informações que podiam comprometer o país.
Durante o julgamento, a acusação apresentou poucas provas de espionagem e não esclareceu em que país este teria reunido as informações.
O realizador tem 30 dias para recorrer da sentença, num caso em que a defesa diz ter “motivações políticas” devido à alegada proximidade do australiano com alguns líderes do antigo partido da oposição.
A detenção ocorreu antes das autoridades iniciarem uma campanha contra adversários e críticos do partido no poder, que culminaram com a prisão do líder da oposição Kem Sokha, acusado de traição, em setembro, e à dissolução do PRNC, dois meses depois.
O vice-diretor da Human Rights Watch (HRW) na Ásia, Phil Robertson, denunciou o veredicto e descreveu Ricketson como um bode expiatório usado pelo Governo cambojano para justificar a repressão contra a oposição.
“Este julgamento mostra tudo o que há de mau na justiça do Camboja – acusações ridiculamente excessivas, autoridades com poucas ou mesmo nenhuma prova e juízes subordinados às ordens políticas do Governo”, apontou Robertson, em comunicado.
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