Na moção de estratégia global com que o atual presidente social-democrata e primeiro-ministro se recandidata a mais dois anos à frente do PSD, nunca se aborda a ainda incerta aprovação do próximo Orçamento, num quadro em que os 80 deputados do PSD e CDS-PP são insuficientes para a sua viabilização.

Em contrapartida, Montenegro reitera entre as prioridades para os próximos dois anos a descida do IRC para 15% até 2027 e a diminuição do IRS dos jovens para um terço - duas medidas que o principal partido da oposição, o PS, já disse que “nunca viabilizará”.

A moção “Acreditar em Portugal” aborda os dois atos eleitorais previstos até 2026, estipulando como meta vencer as autárquicas de setembro/outubro de 2025: “Assumimos o objetivo de tornar a colocar o PSD na liderança da Associação Nacional de Municípios (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE)”.

Já sobre as presidenciais de janeiro de 2026, o texto recorda tratar-se de “uma eleição unipessoal, onde as candidaturas surgem da vontade individual das personalidades que se propõem a desempenhar a função de Presidente da República”.

“No caso do PSD, seguiremos a tradição de aguardar as disponibilidades eventuais de militantes do partido com apetência e qualificação pessoal e política para o cargo”, refere-se.

A moção defende que há, nos quadros do PSD, “militantes com notoriedade e conhecimento profundo e transversal do país, das políticas públicas, das instituições democráticas e cívicas, da realidade geopolítica internacional, da nossa participação na Organização das Nações Unidas, na União Europeia, na Nato, na CPLP e em todas as plataformas internacionais em que intervimos”.

“Personalidades que dão garantias de isenção e competência para cumprir as responsabilidades que a Constituição da República atribui ao mais alto magistrado da Nação”, lê-se.

Ainda assim, ressalva-se que a opção apoiada pelo PSD será “necessariamente abrangente e merecedora da confiança de eleitores de outras áreas políticas ou sem vinculo de identidade política predefinida”.

Na moção, refere-se que o PSD enfrenta em relação a esta eleição “uma situação particularmente exigente”, já que no final do mandato do atual chefe do Estado “cumprir-se-ão 20 anos de mandatos de militantes e antigos presidentes do PSD na Presidência da República”.

“No entanto, corre a nosso favor precisamente a forma como quer o professor Aníbal Cavaco Silva quer o professor Marcelo Rebelo de Sousa exerceram o seu magistério sem qualquer preferência partidária e com total imparcialidade e independência”, acrescenta o texto.

Ainda não há candidatos declarados à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, mas o ex-líder do PSD e comentador televisivo Luís Marques Mendes disse na semana passada estar “mais próximo do que nunca” de tomar uma decisão sobre esse passo.

No texto de 26 páginas, o líder do PSD e recandidato ao cargo deixa algumas críticas ao que classifica de “inação socialista” dos anteriores governos e sugere caminhos para combater os partidos extremistas.

“O combate à corrupção tem de ser uma prioridade. Não podemos deixar para os extremos o monopólio deste assunto. Se os moderados não se mobilizarem contra a corrupção, é natural que as pessoas se revoltem com os moderados”, refere o texto.

Grande parte da moção é dedicada a recordar algumas das medidas já apresentados pelo executivo PSD/CDS-PP que tomou posse a 02 de abril, em áreas como a educação ou a saúde.

Com várias citações do poeta Luís Vaz de Camões, o texto destaca ainda que a atual direção do PSD venceu quatro das cinco eleições que disputou nos primeiros dois anos do seu mandato (a exceção foram as europeias): “O PSD reergueu-se como o maior partido português”, conclui-se.

As eleições diretas para presidente do PSD realizam-se na sexta-feira e o Congresso de eleição dos restantes órgãos nacionais está marcado para 21 e 22 de setembro, em Braga.