Entre as figuras Republicanas que não veem futuro na recandidatura do ex-presidente está o proeminente Jeb Bush Jr, que prontamente criticou o anúncio de Trump enquanto ele ainda discursava, classificando-o de “fraco”.
“Uau! Que discurso com pouca energia do Donald. É hora de novos líderes! #Fraco”, escreveu na rede social Twitter o Republicano, que no passado havia sido acusado por Trump de ter “pouca energia”.
“Ao menos, se é para me fazer adormecer, acrescente alguma política, ideias reais e soluções para os problemas que o nosso grande país enfrenta. Liderança que une”, acrescentou o filho do candidato presidencial Republicano de 2016, Jeb Bush.
Em entrevista à CNN, Alyssa Farah, ex-diretora de comunicações estratégicas da Casa Branca durante a Presidência de Donald Trump, criticou o anúncio de recandidatura do antigo chefe de Estado, avaliando que estava repleto de “mentiras descaradas”.
“O discurso, meio profissional, estava no começo de acordo com o planeado, mas depois apenas foi intercalado com mentiras descaradas, entrando em conspirações de que talvez a China tivesse algo a ver com as eleições intercalares, algo que eu não vi sequer nos cantos escuros da internet”, disse Farah à CNN.
“Nenhuma pessoa confiável no Partido Republicano queria este anúncio neste momento”, acrescentou.
Já no Twitter, a ex-funcionária de Trump classificou-o como “totalmente inadequado para o cargo e um perigo claro e presente para a democracia”.
“Republicanos, por favor, enfrentem-no”, instou.
O governador do estado de Maryland, o Republicano Larry Hogan, foi uma das primeiras figuras do partido a opor-se a uma recandidatura de Trump, tendo afirmado no domingo que o magnata já custou ao Partido Republicano as últimas três eleições e que já passou da hora de se reavaliar o que é importante para o partido.
Para Hogan, Trump é um dos grandes responsáveis pela relativamente fraca prestação dos Republicanos nas eleições intercalares da semana passada.
“Acho que os conservadores de bom senso que se concentraram em falar sobre questões com as quais as pessoas se preocupam, como economia, crime e educação, venceram nas intercalares. Mas as pessoas que tentaram colocar em causa a eleição de 2020 e se concentraram em teorias da conspiração… foram todas rejeitadas quase universalmente”, observou, em declarações à CNN.
“A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente, esperando um resultado diferente. E Donald Trump continuou a dizer: ‘vamos ganhar tanto, vamo-nos cansar de ganhar’. Eu estou cansado de perder. Quero dizer, isso é tudo o que ele fez”, acrescentou.
O ex-presidente norte-americano Donald Trump anunciou na noite de terça-feira a sua terceira recandidatura à Casa Branca e prometeu “trazer a América de volta”.
“A fim de tornar a América grande e gloriosa novamente estou a anunciar esta noite a minha candidatura à Presidência dos Estados Unidos”, disse o bilionário ao ser aplaudido por uma multidão na sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida.
Rodeado de bandeiras norte-americanas e faixas com o seu icónico ‘slogan’ de campanha ‘Make America Great Again’ [Tornar a América Grande de Novo, na tradução para português], o magnata recordou o primeiro mandato de forma idílica, descrevendo esse período como um país em paz, próspero e respeitado no cenário internacional, e exagerando na descrição das suas conquistas enquanto Presidente.
Donald Trump tornou-se assim o primeiro político a oficializar a candidatura às eleições presidenciais de 2024.
O anúncio de Trump acontece num momento em que crescem sinais de relutância dentro do Partido Republicano em ver Trump regressar a uma corrida presidencial, já que muitos candidatos que apoiou nas eleições intercalares saíram derrotados nas disputas com os Democratas.
Contudo, alguns nomes mais extremistas do Partido continuam firmemente do lado de Trump, como é o caso da congressista Marjorie Taylor Greene.
“O Presidente Trump tem todo o meu apoio como nosso candidato Republicano em 2024. Faremos a América grande novamente”, disse, no Twitter.
Os deputados Republicanos Troy Nehls e Andy Biggs também apoiaram o ex-presidente, com Nehls a compartilhar um trecho do discurso de Trump dizendo: “O regresso da América começa agora”.
Por outro lado, a liderança Republicana optou por ignorar a formalização da recandidatura de Trump, insistindo que existem outras prioridades para o partido neste momento.
O governador da Florida, Ron DeSantis, visto como o potencial rival de Trump na corrida à Casa Branca, disse que ainda era muito cedo para os Republicanos se concentrarem nas próximas presidenciais quando questionado sobre uma crescente divisão do partido.
Recusando-se a dizer o nome do ex-presidente, DeSantis afirmou que está focado na segunda volta das intercalares da Geórgia para um assento no Senado e na gestão da Florida.
“Acabamos de terminar esta eleição. As pessoas precisam relaxar um pouco sobre algumas dessas coisas. No final das contas, foi uma longa eleição, temos a segunda volta na Geórgia. (…) Vamo-nos concentrar nisso”, declarou o republicano.
O sentimento foi repetido pelos principais Republicanos no Ohio, New Hampshire e Washington, enquanto o Partido Republicano luta com as crescentes tensões internas e questões sobre o seu futuro, após umas intercalares profundamente dececionantes.
Juntamente com o anúncio de Trump, a atenção esteve também voltada para a forma como a imprensa cobriu este anúncio, tendo chamado a atenção o facto da Fox News, um canal conservador, não ter transmitido o discurso do ex-presidente até ao final.
Outra das coberturas que causou ‘ruído’ junto dos Republicanos foi a do New York Post, jornal de propriedade do magnata dos media conservadores Rupert Murdoch, que se voltou fortemente contra Trump desde as eleições intercalares.
“Florida Man Makes Announcement” [“Homem da Flórida faz anúncio”, na tradução para português] era o título na parte inferior da primeira página, direcionando os leitores para um artigo na página 26 do jornal.
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