“Em dois anos, fizemos mais do dobro em termos da rede primária da floresta contra incêndios do que o que foi feito nos últimos 10 anos”, referiu.

Em declarações à Lusa em Braga, à margem de um seminário sobre “Floresta, Economia e Cadastro”, Miguel Freitas especificou que desde 1 de janeiro de 2018 até hoje foram concluídos 2.500 quilómetros de faixa de interrupção de combustível, sendo a meta atingir os 4.500 no final do ano.

No total, acrescentou, estão projetados 11.500 quilómetros.

“No final deste ano, com os 1.200 quilómetros feitos nos últimos 10 anos antes deste período, ficaremos com 6.000 quilómetros feitos, o que significa mais de metade daquilo que é a rede primária”, adiantou.

Miguel Freitas aludiu à resolução do Conselho de Ministros de janeiro último que afecta 16 milhões de euros para investir na rede primária nos próximos 4 anos.

“No fundo, trata-se de infraestuturar melhor para proteger melhor”, disse.

Uma proteção que, sublinhou, ganha particular acuidade em períodos de seca como o que se vive em Portugal, que geram condições de maior risco de incêndio.

“A questão da seca é sempre preocupante. Vamos acompanhando o fenómeno com a consciência de que esta mudança climática é estrutural e que, por isso, temos de ter uma floresta mais resiliente", afirmou.

Admitiu que a mudança “não se faz no curto prazo”, mas vincou que o Governo está a “iniciar esse caminho”.

O governante destacou o trabalho de limpeza dos terrenos feito quer pelos proprietários, considerando que estes tiveram uma adesão “muito interessante” a este processo, quer pelos municípios, que em 2018 limparam 55.000 hectares de rede secundária, “um número notável”.

“Em dois anos de limpeza, vamos ter mais de 200 mil hectares limpos na floresta, o que nos dá uma dimensão interessante e nos deixa convictos de que estamos mais preparados para enfrentar o período de incêndios”, afirmou.

Em relação ao cadastro florestal, disse esperar que o projeto-piloto implementado “com sucesso” em dez municípios possa ser replicado no resto do país “nos próximos quatro anos”.

“Está agora nas mãos da Assembleia da República alargar o que foi o projeto-piloto”, referiu, sublinhando que conhecer a propriedade é um “elemento essencial” para a proteger.

O Governo, acrescentou, está a trabalhar numa nova legislação para a reestruturação fundiária, dando-lhe escala, com a criação de unidade mínima de cultura e, assim, impedir que haja maior divisão da propriedade.

O objetivo é que os proprietários possam ganhar dimensão, comprando prédios contíguos “com incentivos fiscais interessantes”.