A Escola Secundária de Porto de Mós, no distrito de Leiria, voltou a ser destacada este ano, tendo alcançado a segunda taxa mais elevada do indicador “Percursos Diretos de Sucesso” (no universo das escolas públicas), que analisa as escolas tendo em conta os alunos que conseguiam terminar o ciclo de ensino sem chumbar e sem ter negativa nos exames nacionais.

Já em 2016, aparecia como a terceira melhor escola pública do país com notas mais elevadas nos exames do secundário realizados em 2015/2016, isto quando, em média, as mães dos alunos que frequentam este estabelecimento a quinze minutos de Leiria têm apenas 9,7 anos de estudos.

A escolaridade dos pais pode ser benéfica “talvez por possibilitar em casa uma maior ajuda nas aprendizagens dos filhos, mas como eles encontram essa ajuda na escola, de certa forma, conseguimos superar essa condição”, disse à agência Lusa o diretor do Agrupamento de Escolas de Porto de Mós, Rui Almeida.

Apesar de sublinhar que os resultados positivos alcançados nos últimos anos também dependem “muito dos alunos” que o estabelecimento tem em cada ano, o responsável acredita que parte do sucesso pode ser explicado por algumas características da escola e medidas que têm vindo a ser implementadas.

créditos: PAULO NOVAIS/LUSA

No terceiro ciclo, as disciplinas de português, inglês e matemáticas são desdobradas com uma aula por semana com metade da turma, para proporcionar “uma melhor qualidade de ensino e aprendizagem” e garantir a superação de dificuldades nessas “disciplinas estruturantes”, aclarou, sublinhando que há ainda um minicurso (cinco a seis aulas extra) de matemática para os alunos que estão com dificuldades num determinado capítulo da disciplina.

Já no ensino secundário, há oficinas de matemática, português e físico-química, com aulas facultativas em que os professores se disponibilizam para tirar dúvidas aos alunos.

“É dar a oportunidade a todos de terem aulas privadas”, frisou.

Também no secundário, há mais uma aula suplementar obrigatória para cada uma dessas disciplinas, acrescentou.

Para Rui Almeida, o facto de o corpo docente ser estável também ajuda, permitindo “que os professores tenham mais horas de estabelecimento e menos horas letivas”, podendo dedicar mais tempo no apoio aos alunos.

A par disto, a escola sofreu um processo de agregação, contando o agrupamento com cerca de 2.400 alunos, o que trouxe vantagens, nomeadamente uma melhor articulação e diálogo entre os professores dos diferentes níveis de ensino, referiu.

Já o presidente da associação de pais nos últimos três anos, Miguel Carreno, não consegue encontrar uma explicação para as boas posições da escola nos indicadores divulgados pelo Ministério da Educação.

“Não tenho explicação para isso”, conta, considerando que “é uma escola como as outras, com bons professores e maus professores, bons alunos e maus alunos”.

Apesar disso, reconhece que têm sempre alunos a tirar notas muito altas e “todos os anos” há sempre alguém da escola a conseguir entrar em Medicina.

A professora de Português Susana Fetal, na escola desde 1985, diz que não há milagres.

“Continuo a achar que o mais importante é o empenho e motivação dos alunos”, realça, apesar de elencar outros fatores que podem ter contribuído para a atual posição da escola.

O corpo docente estável, que acompanha os alunos ao longo dos três anos do secundário, e o facto de a escola usar o tempo que tem para dar aos alunos “aulas suplementares em disciplinas de exame” para reforço dos conteúdos poderá ser parte da receita do sucesso, disse.

Da boca dos alunos, só se ouvem maravilhas.

João Rosário, de 17 anos, nota que a maior parte dos professores da escola “tem uma grande paixão pelo que faz” e considera que o corpo docente tem um papel fundamental nos bons resultados.

Apesar de ter chumbado a Matemática no ano letivo passado, destaca que tem várias oficinas de matemática a que pode recorrer para estudar para o exame e, se tiver dúvidas, os professores “estão sempre prontos para esclarecer”.

“Temos aulas suplementares que ajudam os alunos e os professores disponibilizam muita informação”, destaca Carla, de 17 anos.

Também Felícia, de 18 anos, realça também a ajuda dada pelos professores bem como as aulas suplementares e as oficinas.

“Há muito apoio e isso é bom para o percurso de qualquer aluno”, constatou.