Quarenta e cinco dias depois de ter assumido o cargo de chefe do Governo, Liz Truss apresentou a demissão ao Rei Carlos III.

"Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Por conseguinte, falei com Sua Majestade o Rei para o notificar de que me demito como líder do Partido Conservador”, disse diante do número 10 de Downing Street.

O mandato da Conservadora foi extremamente turbulento, tendo lidado com a morte da Rainha Isabel II e com a apresentação e queda do seu grande plano de relançamento da economia, ao mesmo tempo que perdeu dois dos seus minitros chave e a confiança da maior parte dos apoios dos deputados.

No dia 18 de outubro foi divulgado um estudo que indicava que apenas 10% dos britânicos tinham uma opinião favorável da primeira-ministra britânica, Liz Truss, após a líder conservadora ter pedido “desculpa” pela crise política e económica das últimas semanas.

Segundo a sondagem, 80% dos inquiridos têm uma opinião “desfavorável” sobre Truss, e 62% "muito desfavorável”. Entre os eleitores conservadores, só 20% simpatizam com líder de seu partido, enquanto 71% têm uma opinião negativa.

Questionados também pela YouGov nos últimos dois dias, 55% dos militantes ’tory’ disseram que Truss deve demitir-se, enquanto 38% querem que ela fique.

Esses resultados surgem depois de o Governo ter revertido quase todos os cortes de impostos anunciados há três semanas e Liz Truss ter demitido Kwasi Kwarteng de ministro das Finanças na sexta-feira, substituindo-o por Jeremy Hunt.

O recuo no plano de crescimento anunciado em 23 de setembro foi forçado pela reação dos mercados financeiros, com os investidores a fazerem a libra desvalorizar e os juros sobre as obrigações subir devido aos receios de um aumento insustentável da dívida pública.

Na segunda-feira, Hunt cancelou quase todos os cortes fiscais prometidos por Truss e Kwarteng e antecipou “decisões dolorosamente difíceis”, incluindo na despesa pública, para recuperar a "confiança nas finanças públicas” britânicas.

As medidas acalmaram os mercados por enquanto, mas mantém-se a incerteza sobre o futuro de Truss em funções, as quais só assumiu há 41 dias, em 06 de setembro, após uma eleição interna de dois meses no Partido Conservador para substituir Boris Johnson.

Pelo menos cinco deputados conservadores já manifestaram publicamente ter pedido confiança em Truss. As regras atuais não permitem uma moção de censura nos primeiros 12 meses do mandato de um líder, mas estas podem ser alteradas se existir apoio suficiente.

Numa entrevista à BBC na segunda-feira à noite, a primeira-ministra britânica pediu desculpas pelos "erros" que cometeu no início do mandato, mas mostrou-se disposta a conduzir o partido nas próximas eleições legislativas.

"Quero aceitar a responsabilidade e pedir desculpas pelos erros que cometi", disse, admitindo que se foi “demasiado longe e demasiado rápido” nos cortes de impostos que prometeu juntamente com o pacote de apoio a pessoas e empresas relativo ao aumento dos custos da energia.

Sobre a pressão para se demitir, disse que pretendia ficar e avisou os colegas de que avizinham-se "tempos muito difíceis”.

"Não podemos simplesmente dar-nos ao luxo de perder o nosso tempo a falar sobre o Partido Conservador, em vez de [falar] sobre o que precisamos de cumprir”, argumentou.

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