Ana Rita Cavaco queixou-se de que Maria Filomena Cardoso a tentou agredir durante uma reunião que, em julho de 2017, juntou também o então presidente do Hospital de São João, António Oliveira Silva, e três outros administradores (José Carvalho Paiva, Ilídio Matos Pereira e Luís Porto Gomes), mas Ministério Público recusou fundamento à queixa, numa tese agora confirmada em sede de instrução.
“A senhora juíza decidiu pela não pronúncia”, afirmou a fonte do tribunal.
Contactada pela agência Lusa, a defesa da bastonária Ana Rita Cavaco escusou-se a tecer quaisquer considerandos.
A instrução, uma espécie de pré-julgamento, é uma fase processual facultativa que pode ser requerida por qualquer um dos arguidos ou assistentes e que visa decidir se o caso segue ou não para julgamento.
No debate instrutório, em que as partes defenderam os seus argumentos perante a juíza de instrução, a defesa de Maria Filomena Cardoso e o Ministério Público insistiram na tese que fundamentou o arquivamento dos autos: por os testemunhos recolhidos serem contraditórios, aconselhando a aplicação do princípio ‘in dubio pro reo’ – na dúvida favoreça-se o arguido.
Já o advogado de Ana Rita Cavaco admitiu, conforme constatou na ocasião a agência Lusa, que a enfermeira-diretora se limitou, num primeiro momento da reunião, a dar um murro na mesa a erguer o dedo em riste, mas acrescentou que, pouco depois, o próprio presidente do hospital teve de a agarrar.
Os factos associados a este processo levaram Ana Rita Cavaco a escrever uma carta ao então ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, na qual pedia a demissão da enfermeira-diretora do hospital São João, alegando que Maria Filomena Cardoso a tentou agredir e que devia ser demitida por, alegadamente, prejudicar as suas funções no hospital por causa de um doutoramento que a levaria a “várias e longas ausências ao serviço”.
Na carta, datada de 04 de julho de 2017, a bastonária escreveu que “a agressão (…) por parte da referida enfermeira-diretora, apenas foi evitada pela rápida intervenção do senhor presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar”.
Três dias depois, o Conselho de Administração do Hospital de São João emitiu um comunicado-resposta, que já não está disponível no ‘site’ hospitalar, em que Ana Rita Cavaco era acusada de “mentirosa” e de ter uma “personalidade narcísica a quem os espelhos não mostram a realidade”.
Ao contrário do sucedido no caso da suposta agressão da enfermeira-diretora à bastonária, o teor deste comunicado levou a 2.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto a validar as queixas de Ana Rita Cavaco por alegada difamação, optando por acusar os quatro antigos gestores do hospital.
Queixa de sentido contrário corre noutra secção do DIAP/Porto.
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